Esta data no Evangelho (31 de maio)

Francisco Muniz -





Segundo o que os Espíritos revelaram a Allan Kardec, o orgulho e o egoísmo são as chagas que caracterizam nossa inferioridade moral na Terra, mundo de provas e expiações que ora se assemelha a uma prisão, ora a um hospital, mas é sobretudo um educandário e uma oficina, onde aprendemos e ao mesmo tempo praticamos as lições que um dia nos aperfeiçoarão. No entanto, por conta desses dois defeitos, temos sido capazes de repudiar com veemência os apelos que a Divina Providência nos tem feito há milênios para retornarmos ao seio amoroso do Pai Altíssimo. Dizemos tudo isso em razão do tema de nossos comentários neste dia 31 de maio, finalizando o estudo de algumas passagens do Novo Testamento neste mês. O texto que abordaremos, lido na Bíblia de Jerusalém, vem do versículo 5 do capítulo 12 do Evangelho de Marcos, sob a epígrafe “Parábola dos vinhateiros homicidas”: Ei-lo:

“Enviou ainda um outro, e a esse mataram. Depois mandou muitos outros. Bateram nuns, mataram os outros.”

Essas palavras nos remetem à Parábola do Festim de Bodas, referindo o mesmo princípio: os emissários divinos sempre foram tratados violentamente pelos homens ainda aferrados à matéria, incapazes de discernir entre a verdade que liberta e a ilusão que escraviza. Foi assim com os profetas antes e depois de Moisés e mesmo este, o grande Legislador dos hebreus, não teve vida fácil na condução daquele povo embrutecido até a Terra Prometida. Como sabemos, Jesus, o maior desses Emissários, sofreu bem mais que todos os seus antecessores ao vir falar-nos do amor de que somos herdeiros, da paz que o mundo não conhece e da concórdia que devemos manifestar uns para com os outros, a fim de merecermos as alegrias do que ele chamou de Reino dos Céus, ou de Deus.

A razão para essa violência está em nossa proverbial ignorância do que somos, de onde procedemos e do que queremos para completar o que chamamos de felicidade, a qual não pode ser encontrada na vivência das ilusões da vida material. Dessa ignorância nascem o egoísmo e a ganância, o desejo insensato de açambarcar os bens terremos em detrimento dos outros, não importando suas carências. Porém, de acordo com Huberto Rohden, “não se pode gozar o mundo de Deus sem o Deus do mundo” – o filósofo se refere ao Criador e não a Mamon (*)! –, de modo que ocasionalmente a Providência envia à Terra um apelo no sentido de fazer-nos despertar com a urgência possível para a Realidade do Espírito imortal, que somos todos nós. A maioria de nós, contudo, comporta-se como se a vida material fosse tudo e a morte, que nos recambia para nosso mundo de origem, é vista como um acidente de percurso a interromper nossos sonhos mundanos.

Deus, entretanto, jamais nos abandona à própria sorte e continua apelando para que retornemos a seu seio amoroso. O último – isto é, o mais recente – desses apelos da Divindade chega-nos através do Espiritismo, que revive em nossos dias a pureza do Cristianismo primitivo e interpreta a lições do Evangelho de maneira que as podemos compreender sem grandes dificuldades. Ora, essas lições são dadas, desde mais de dois mil anos atrás, com a finalidade de exercitarmos constantemente o desprendimento em relação às coisas materiais, conquistando os tesouros do Céu, conforme nos pede o Cristo. Para tanto, contamos com a assistência dos bons Espíritos, que em nome de Jesus vêm nos orientar e estimular na caminhada para frente e para o alto, no rumo da Perfeição.

(*) Mamon é um termo, derivado da Bíblia, usado para descrever riqueza material ou cobiça, na maioria das vezes, mas nem sempre personificado como uma divindade. A própria expressão é uma transliteração da palavra hebraica "Mamom" (מָמוֹן), que significa literalmente "dinheiro".


Comentários

  1. Bom dia Chico, muita paz.
    Como é bom ser bom , como é mal ser mau!
    Ainda estamos mai na segunda opção dando guarida a esta a duas chagas, ,que são, o egoísmo e o orgulho.Mas ,com empenho,determinação e estudo,um dia nos libertarmos.
    Um dia de muita paz e harmonia para você e toda sua família..
    Dene.

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    1. Isso mesmo, Deni. Um dia nos veremos livres dessas máculas, quando soubermos seguir as pegadas do Cristo sem tergiversação. Grande abraço.

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  2. Meu irmão Chico, parabéns pelo texto e reflexões, que o Espiritismo, essa doutrina libertadora, possa nos guiar no ensino para sublimarmos o orgulho e o egoísmo, através do autoconhecimento, como dizia Santo Agostinho.
    Parabéns pelo texto e reflexão.
    Forte abraço e fica com Deus.

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    1. Querido Filipe, é um grande prazer receber sua visita. Sim, é preciso aproveitar condignamente este precioso recurso que a Divindade que deu para nosso aperfeiçoamento. Sigamos, pois, para frente e para o alto! Grande abraço.

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