Francisco Muniz -
O assunto que abordaremos em nossos comentários deste dia 29
de maio é a prece intercessória, aquela que costumamos fazer em favor de alguém
que julgamos necessitar de mais dilatado amparo espiritual. Isto porque nosso
estudo de temas do Novo Testamento nos leva ao versículo 5 do capítulo 12 de
Atos dos Apóstolos, cujo texto, lido na Bíblia de Jerusalém, traz o
seguinte teor, epigrafado com a frase “Prisão de Pedro e sua libertação
miraculosa”:
“Mas, enquanto Pedro estava sendo mantido na prisão,
fazia-se incessantemente oração a Deus, por parte da Igreja, em favor dele.”
De vez em quando somos solicitados para participar de
correntes de preces em benefício de alguém gravemente enfermo, ou que se tenha
acidentado e se encontra entre a vida e a morte num leito de hospital. De igual
modo, costumamos implorar a proteção divina para um familiar que se ausenta do
lar, para afastá-lo dos perigos ou simplesmente para que tudo concorra para o
sucesso de suas pretensões, como na obtenção de um emprego, por exemplo. Tudo
isto, porém, fazemos para manifestar nossa fé em Deus e em sua assistência tão
providencial quanto misericordiosa, pedindo sua intercessão junto àqueles a
quem amamos, o que é conseguido graças à ação benemérita dos Espíritos
abnegados, os quais sentem grande alegria em cooperar conosco, principalmente
quando fazemos por merecer tal auxílio.
De acordo com a literatura espírita (*), as orações
intercessórias são um recurso de staocorro aos Espíritos tanto encarnados quanto
desencarnados, estando estes últimos, muitas vezes, numa situação tão lamentável,
mostrando-se refratários às orientações e ações empregadas pelas equipes socorristas,
que somente a interferência do Mais Alto consegue surtir os efeitos desejados.
Não raras vezes, essa ajuda extra é proporcionada, em nome da Divindade, pelos Espíritos
elevados que na Terra foram mães ou avós do beneficiário, demonstrando o poder
dos sentimentos nobres, especialmente o amor, para fazer a diferença nos
momentos em que os trabalhos visando ao despertamento dos filhos rebeldes de
Deus parecem falhar.
Eu seu livro Cartas de Uma Morta (**), o Espírito D.
Maria João de Deus, que fora mãe de Chico Xavier quando de sua precedente
encarnação, conta que, após se readaptar ao plano espiritual e ser convidada a
trabalhar, escolheu a tarefa de selecionar as preces que subiam da Terra em
direção a Deus. Segundo diz, ela mesma se encarregava de atender aos pedidos
feitos pelos corações maternos em favor de seus filhos, estivessem eles doentes
ou entregues à rebeldia, trilhando por caminhos contrários à boa orientação
recebida no âmbito doméstico. Assim é que a Doutrina dos Espíritos nos
recomenda proceder ao culto do Evangelho no Lar, quando podemos – e devemos –
rogar o auxílio espiritual a todos aqueles que sabemos necessitarem do amparo
celestial.
Em seu comentário sobre a ação da prece e a transmissão do
pensamento, Allan Kardec diz que “pode-se orar por si mesmo ou por outrem,
pelos vivos ou pelos mortos. As preces dirigidas a Deus são ouvidas pelos
Espíritos encarregados de executar sus vontades; aquelas que são dirigidas aos bonés
Espíritos são levadas a Deus” (***). O relato do evangelista Lucas, portanto, salienta
uma prática altamente salutar e eficaz, porque quem ora obtém benefícios para aqueles
que são objeto de sua solicitação quanto para si mesmo.
Notas
(*) Ver, a propósito, os livros da série A Vida no Mundo
Espiritual, na qual o Espírito André Luiz, pela psicografia abençoada do médium
Francisco (Chico) Cândido Xavier, discorre sobre a atuação dos Espíritos na colônia
Nosso Lar e em suas imediações.
(**) Psicografia de Chico Xavier, ed. LAKE (Livraria Allan Kardec
Editora), Piracicaba, SP, 1935.
(***) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVII (“Pedi e
obtereis”), item 9.
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