Francisco Muniz -
A querida amiga Kátia Rocha, companheira de lides espíritas,
aniversaria hoje e pediu-nos, como presente, ser lembrada neste estudo de
algumas passagens do Novo Testamento, que ela acompanha desde o início. Nossos
comentários neste dia 26 de maio vão contemplar o versículo 5 do capítulo 15 da
Epístola de Paulo aos Efésios, consoante o aprendizado da Doutrina dos
Espíritos. Eis, assim, o texto, copiado da Bíblia de Jerusalém:
“O Deus da perseverança e da consolação vos conceda
terdes os mesmos sentimentos uns para com os outros, a exemplo de Cristo Jesus
(...)”
As reticências entre parênteses complementam o pensamento do
Apóstolo dos Gentios no versículo seguinte: “(...) a fim de que, de um só coração
e de uma só voz, glorifiqueis o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo”.
Entendemos, desse modo, que Paulo de Tarso fala dos sentimentos de urbanidade,
fraternidade e companheirismo que devem viger nos grupamentos religiosos, a fim
de que os serviços ali prestados alcancem o necessário grau de uniformidade e satisfação.
Isso quer dizer que os integrantes desses grupos precisam ver-se e
considerar-se verdadeiramente irmãos, conforme a observação do Cristo a esse
respeito: “Meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem” (João 13:35).
Compreendemos, também, que fora do âmbito do serviço comum, quando
as diferenças se impõem, é muito difícil manifestar a igualdade de sentimentos,
razão pela qual somos chamados ao esforço de amar ao próximo como a nós mesmos,
segundo o ensinamento de Jesus. Ora, a questão é que aprendemos a exercitar
esse amor na experiência doméstica, dentro de casa, no lar, onde a convivência
familiar é plena de desafios. Os próprios pais reconhecem de amarem igualmente
cada um dos filhos, usando, para exemplificar essa dificuldade, a figura dos
dedos das mãos, comparando-os com os meninos: são irmãos, mas não são iguais,
de modo que devem ser amados de acordo com o nível de exigências que apresentem.
As mães, principalmente, sabem muito bem desse assunto.
Entretanto, mesmo observando as peculiaridades de cada um, o
amor a ser dispensado, conforme depreendemos da acepção paulina, é aquele que o
Criador tem por todos os seus filhos, o mesmo amor que o Cristo ensinou e
exemplificou há mais de dois mil anos. É o amor incondicional, o sentimento por
excelência que não faz acepção de pessoas, não vê vínculo de parentesco nem
títulos ou renome, nada disso que agrada sobremaneira à personalidade conduzida
pelo ego. Falamos assim, do amor ágape (*), que transcende o amor às coisas e
aos animais, ultrapassa o amor à família lastreado no apego até se misturar ao
amor que o Nazareno ensinou e manifestou desde a Palestina da Antiguidade até
os dias de hoje, quando, através do Espiritismo, convida-nos a também
exercitá-lo.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec,
abordando a questão do parentesco corporal em sua relação com o parentesco
espiritual (**), fala-nos que “os verdadeiros laços de família não são os da
consanguinidade, mas os da simpatia e da comunhão de pensamentos que unem os
Espíritos antes, durante e após a sua encarnação”. Isso porque, embora
reencarnemos frequentemente num mesmo grupo familiar pelos laços de afeto, “pode
ocorrer que os Espíritos que encarnam numa mesma família sejam estranhos uns
aos outros, divididos por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem da
mesma forma por seu antagonismo na Terram para lhes servir de prova”. Amando
incondicionalmente esses seres rebeldes, portanto, podemos reconduzi-los para
Deus.
Notas
(*) De acordo com a Psicologia, valendo-se da mitologia
grega, o amor é classificado em três fases conforme sua intensidade e o
amadurecimento dos seres: amor eros, que une os seres pelo desejo sexual; amor
filos, voltado para as expansões da amizade e companheirismo; e amor ágape, o
que se sacrifica em benefício do ser amado, do qual o grande modelo é Jesus.
(**) Cap. XIV (“Honrai a vosso pai e a vossa mãe”), item 8.
Parabéns Francisco seus trabalhos são maravilhosos.
ResponderExcluirObrigada amigo .
Muito obrigado pela gentileza de suas palavras. Para mim, é uma alegria colaborar para o aprendizado de todos pela compreensão das lições do Cristo. Deus nos abençoe.
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