Esta data no Evangelho (24 de maio)

Francisco Muniz -



O versículo 5 do capítulo 17 do Evangelho de João dá o mote para os comentários que faremos neste dia 24 de maio, dando prosseguimento ao estudo de algumas passagens do Novo Testamento sob a inspiração da Doutrina Espírita. O texto, apresentado a seguir, foi copiado da Bíblia de Jerusalém, onde está sob a epígrafe “A oração de Jesus”:

“E agora, glorifica-me Pai, junto de ti, com a glória que eu tinha junto de ti antes que o mundo existisse.”

Essas palavras de Jesus anotadas por João, o discípulo muito amado, constituem a oração feita pelo Mestre nos instantes que antecederam sua prisão no Horto das Oliveiras e consequente julgamento para posterior condenação à morte na cruz. O Nazareno seria terrivelmente torturado física e moralmente, manifestando sempre uma atitude estóica (*) perante seu sofrimento. E a razão para tal é que o Cristo, profundamente consciente de si mesmo, contava – como conta ainda hoje! – com todo o amparo celestial, desde que alcançara a condição que o revelou como Filho de Deus, ou seja, aquele que não só reúne em si toda a potência da Divindade como a realiza integralmente.

O comportamento de Jesus é indicativo de sua condição evolutiva, ou da glória que ele já possuía milênios antes que recebesse de Deus o elevado encargo de criar este planeta, o que fez junto com sua equipe de arquitetos celestiais (**). Desde então, o Cristo governa este mundo, pastoreando as “ovelhas” que o Pai lhe confiou, muitas das quais são também anteriores a este mundo, quer dizer, não são Espíritos originários da Terra, mas seres que para cá emigraram (***) tanto para progredirem mais depressa quanto para auxiliarem no avanço espiritual (material, ou científico, e moral) do planeta.

Em nota de rodapé, a Bíblia de Jerusalém destaca que Jesus, “em sua preexistência divina”, possuía “a glória que o Pai lhe reserva, desde toda a eternidade”, na condição de Filho. Reparamos, apenas, que a trajetória evolutiva de Jesus deu-se semelhantemente à nossa, seus irmãos menores, com a diferença de que, conforme dizem os Espíritos, ele caminhou em linha reta, isto é, obedeceu fielmente à vontade de Deus, enquanto nós...

Ora, a Terra, segundo as análises geológicas, tem a idade de quatro a seis bilhões de anos (uma eternidade!), levando-nos a considerar que então Jesus já havia alcançado sua condição crística, tornando-se, no que nos diz respeito, o maior dos cocriadores junto a Deus. Não sabemos nossa própria idade espiritual (costumo pensar que estamos nos arrastando pelo chão do planeta há, pelo menos, vinte mil anos), mas ainda assim podemos comparar nossa história com a daquele que é o guia e modelo de toda a Humanidade. Dessa forma, devemos entender que também nós estamos destinados a essa glória, desde que façamos por merecê-la.

O caminho e o processo para alcançarmos semelhante condição espiritual foram apontados há mais de dois mil anos pelo Cristo, que veio pessoalmente ao mundo para nos convidar a vestir o traje luminescente da comunhão com ele e com Deus, a fim de participarmos efetivamente do banquete espiritual no qual a luz – o conhecimento profundo – é o alimento principal.   

Notas

(*) Partidário do Estoicismo, uma escola e doutrina filosófica surgida na Grécia Antiga que preza a fidelidade ao conhecimento e o foco em tudo aquilo que pode ser controlado somente pela própria pessoa. Despreza todos os tipos de sentimentos externos, como a paixão e os desejos extremos. (Ver mais em https://www.significados.com.br/estoicismo/)

(**) Ver, a respeito, o livro A Caminho da Luz, que Emmanuel ditou a Francisco Cândido Xavier (ed. FEB, Rio de Janeiro, 1938).

(***) Idem, ibidem.


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