Esta data no Evangelho (2 de maio)

Francisco Muniz - 



Com o título “Após a ressurreição”, a sétima parte do Evangelho de Lucas começa no capítulo 24, de onde extraímos o versículo 5 para os comentários deste dia 2 de maio, em prosseguimento de nosso estudo de algumas passagens do Novo Testamento, à luz da Doutrina Espírita. Sob a epígrafe “O sepulcro vazio. Mensagem do anjo”, o texto copiado da Bíblia de Jerusalém dita o seguinte:

“Cheias de medo, inclinaram o rosto para o chão; eles, porém, disseram: ‘Por que procurais Aquele que vive entre os mortos?’”

Com a popularização das redes sociais nos aparelhos celulares, que trazem o corretor ortográfico para auxiliar na escrita de mensagens, contraditoriamente os erros de ortografia se tornaram assustadoramente comuns, fazendo-nos pensar que os brasileiros já não sabem os meandros gramaticais do idioma pátrio. Desse modo, nossos jovens, principalmente, que parecem ter se alfabetizado com o uso do telefone celular, sofrem por não saberem interpretar textos correta e convenientemente. Dizemos isso em razão da última expressão do versículo sob nosso exame, passível de duplo sentido: as mulheres que foram ao sepulcro na manhã daquele domingo procuravam Jesus entre os mortos ou buscavam, como enfatizou o Anjo, “Aquele que vive”?

Se era Àquele que vive que procuravam, não era ali, num sepulcro, que ele seria encontrado, o que de fato se deu: o Cristo ressuscitado lá não estava, mas os dois anjos referidos pelo evangelista, para quem se tratava de dois homens com vestes refulgentes, o que teria assustado as mulheres, Maria de Magdala à frente. Esse comportamento é bastante natural entre as testemunhas de fenômenos de aparição, quando o medo do desconhecido toma de assalto o médium, que em sua ignorância ante o inusitado pensa estar vivenciando um episódio “sobrenatural”. Ora, os Espíritos são seres reais, mas não objetivos, ou seja, embora sejam tão ou mais vivos do que nós mesmos, não vivem a realidade material, porquanto estejam numa dimensão paralela da qual a nossa é uma pálida cópia.

Assim, portanto, a lição que Lucas nos proporciona em seu evangelho é a demonstração factível, o mais possível, da verdade da ressurreição, sendo esta a razão de ser do Cristianismo, trazendo-nos a proposta da vida futura. Tanto quanto Jesus, somos todos Espíritos imortais ocupando momentaneamente um corpo material que um dia abandonaremos – ou dele seremos expulsos (*). Chegará para todos nós o momento em que já não será possível manter-nos encarcerados no invólucro de carne e nossa alma se libertará, adentrando mais uma vez a dimensão que lhe é própria, o plano espiritual, invisível aos olhos físicos mas perceptível àqueles que tenham em si o sexto sentido da mediunidade. O sepulcro, desse modo, guardará apenas os despojos materiais cujas moléculas se desintegrarão, formando outros corpos – é assim que o pó retorna ao pó (**).

Outro ponto a se observar é o fato de as mulheres inclinarem o rosto para o chão, num ato de humilde submissão aos emissários divinos postados diante delas, o que é praticamente automático naqueles que reconhecem a própria inferioridade e aceitam a autoridade hierárquica. Não foi, portanto, somente o medo que as fez tomar tal atitude, caso contrário, acreditamos, elas não teriam merecido a revelação e a resposta a suas perquirições poderia se demorar muito mais...

Notas

(*) A expulsão se dá em função de nosso forte apego à matéria, quando alguns Espíritos se recusam a “morrer”, mesmo em vista da deterioração corporal, conforme o Espírito André Luiz registra em seu livro Obreiros da vida eterna, ditado ao médium Francisco Cândido Xavier e publicado pela Federação Espírita Brasileira.

(**) No livro de Eclesiastes (12:7), na Bíblia, lê-se: “E o pó volte à terra, como o era, e o Espírito volte a Deus, que o deu.”


Comentários

  1. Ah, se o imediatismo nos deixasse pelo menor tempo q fosse, né primo? Pois a questão da interpretação dos textos realmente é um problema juntamente com a gramática. Mas o imediatismo impede o homem atual de refletir sobre suas falhas e buscar, aos poucos, a superação e o desenvolvimento no dia-a-dia aproveitando cada oportunidade. O homem valoriza demais a
    maximização do tempo e a inteligência cognitiva deixando de lado a reflexão paulatina, de forma calma e à luz do coração ( da inteligência emocional).

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  2. Até a saúde da população é negligenciada pelos governos em prol do capitalismo selvagem que requer imediata e incessante produção.

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  3. Você tem razão, prima. Demoramos para assimilar os conceitos renovadores e assim a vida vem nos dar as lições mais dolorosas, como a recente pandemia, que é um freio à nossa aceleração...

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