Esta data no Evangelho (18 de maio)

Francisco Muniz -



Na abertura da Bíblia de Jerusalém neste dia 18 de maio calhou de encontrarmos a Primeira Epístola de João, onde o versículo 5 do primeiro capítulo apresenta o assunto que deveremos comentar, no prosseguimento de nosso estudo de algumas passagens do Novo Testamento, sob a inspiração da Doutrina Espírita. Eis o texto, colocado sob o título “Caminhar na luz”, que inicia a primeira parte dessa Carta:

“Esta é a mensagem que ouvimos dele e vos anunciamos: Deus é Luz e nele não há treva alguma.”

Essa mensagem, é claro, João a ouviu do Cristo e o que ele anuncia nos remete ao primeiro livro da Bíblia, o Gênese (ou Gênesis), no qual Moisés reconta a saga religiosa do povo hebreu e onde se lê que, pela vontade de Deus, “a luz começou a existir”, vendo então o Senhor que “a luz era boa”. Ato contínuo, Ele separou a luz das trevas que até então “cobriam o abismo” e “à luz Deus chamou dia”, enquanto as trevas receberam o nome de “noite” (Gen 1:1-5). A luz do dia, portanto, por analogia pode ser entendida como a própria manifestação de Deus, tomado simbolicamente pelo Sol que vitaliza e magnetiza a Terra e todos os seres que ela contém, desde os inanimados, como os minerais, até as plantas e animais, contando o homem entre estes últimos.

De acordo com o frade franciscano brasileiro Leonardo Boff (1), “a luz constitui um dos maiores mistérios do Universo”, construindo, a partir desse pensamento, uma bela metáfora para explicar a trajetória do homem no planeta representada pelo “movimento” do Sol: “Fazia-se e faz-se ainda hoje a impressionante experiência de que o sol, com seus raios de luz, nasce como uma criança. Na medida em que sobe no firmamento, vai crescendo como um adolescente até chegar à idade adulta ao meio-dia. Pela tarde vai definhando até ficar velho e morrer atrás da linha do horizonte. Mas, passada a noite ele volta a nascer, limpo, brilhante, sorridente como uma criança”.

Em seu artigo, intitulado “Seres de luz” (2), Boff repete Jesus, que há mais de dois mil anos salientou ser essa nossa condição essencial, daí recomendando que deixássemos brilhar nossa luz, ou seja, que não andemos em trevas. Segundo o teólogo, “nós todos somos seres de luz. Carregamos luz dentro de nós, no corpo, no coração, na mente. Especialmente a luz da mente nos permite compreender os processos da natureza e penetrar no íntimo das pessoas até no mistério luminoso de Deus”. Então recordamos, muito naturalmente, o episódio da transfiguração de Jesus no Monte Tabor, perante a visão perplexa de seus apóstolos Pedro e os irmãos “Boanerges” (3) – João e Tiago.

Essa luminosidade é condição para o futuro, quando brilharemos cada vez mais intensamente conforme mais adquiramos virtude sabedoria, vencendo a ignorância e crescendo para Deus. A esse respeito, vale recordar as palavras de Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo: “Enquanto certos Espíritos culpados erram nas trevas, os felizes gozam de uma claridade resplandecente e do sublime espetáculo do infinito (...)” (4)

Notas

(1) Leonardo Boff é teólogo, escritor, professor universitário e expoente da Teologia da Libertação no Brasil. 

(2) Disponível em https://www.jornalgrandebahia.com.br/2008/02/seres-de-luz-por-leonardo-boff/

(3) Em Marcos 3:17, Jesus chama assim aos irmãos Tiago e João, filhos de Zebedeu, aos quais deu o nome de Boanerges, que significa filhos do trovão.

(4) Cap. III (“Há muitas moradas na casa de meu Pai”), item 2 (“Diferentes estados na alma na erraticidade”).

Comentários

  1. " há muitas moradas na casa do meu PAI". Esta afirmação do nosso mestre é mto RECONFORTANTE, na medida em que garante que o mundo é mto maior do que este lindo planeta Terra, que a humanidade corrompe de todos os modos e a cada minuto. É reconfortante saber que a ignorância humana não é abrangente.

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    1. Sim, e o mais misericordioso é que temos a eternidade inteira para aprender...

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