Francisco Muniz -
É da Epístola de Paulo a Filemon que retiramos o assunto de
nossos comentários no dia de hoje, 16 de maio, prosseguindo o estudo de temas
do Novo Testamento sob a inspiração da Doutrina dos Espíritos. Essa Carta não é
dividida em capítulos, mas em tópicos, e o segundo deles recebe a epígrafe “Ação
de graças e oração”, no qual encontramos, abrindo a Bíblia de Jerusalém,
o versículo 5, cujo teor abordaremos agora:
“(...) porque ouço falar do teu amor e da fé que te anima
em relação ao Senhor Jesus e para com todos os santos.”
“Dou sempre graças ao meu Deus, lembrando-me de ti em minhas
orações (...)” – é como Paulo de Tarso, o Apóstolo dos Gentios começa a falar a
seu amigo Filemon, após saudá-lo, conforme o que as reticências entre
parênteses revelam. Sim, a Paulo, muito lhe agrada a fecunda dedicação de
Filemon à causa do Cristo, como ficamos, nós próprios, ao ver que um filho, um
irmão ou um amigo muito querido que andavam distanciados da fé decidem trilhar
o caminho da Verdade que conduz à Vida. As notícias que lhe chegavam acerca do
trabalho de Filemon, portanto, inundavam o apóstolo de alegria, sabendo que seu
amigo imitava seu próprio exemplo, fazendo de sua casa um local de reunião em
louvor de Jesus.
O sentimento de Paulo para com Filemon é similar ao dever
dos pais junto a seus filhos, de acordo com o que Santo Agostinho, Espírito,
expõe em O Evangelho Segundo o Espiritismo (*): “Ó espíritas! Compreendei
hoje o grande papel da Humanidade; compreendei que, quando produzis um corpo, a
alma que nele se encarna vem do espaço para progredir; sabei vossos deveres e
colocai todo o vosso amor em aproximar essa alma de Deus; é a missão que vos
está confiada e da qual recebereis a recompensa, se a cumprirdes fielmente.”
Observando que suas palavras se aplicam principalmente aos pais que lidam com
filhos rebeldes, Santo Agostinho pondera que “a tarefa não é tão difícil como
poderíeis crer; não exige o saber do mundo, o ignorante como o sábio pode
cumpri-la, e o Espiritismo veio facilitá-la, dando a conhecer a causa das
imperfeições do coração humano”.
Por tal razão o Cristo ensinou, exemplificando, que não
devemos impedir, ao contrário, é nosso dever estimular
os passos dos filhos em sua direção, assim encaminhando-os a Deus, o que é
preciso fazer desde muito cedo, no âmbito da educação das crianças. Perguntado sobre
a idade em que se deve educar a criança, Napoleão Bonaparte, sabendo da importância da resposta, sem
titubear respondeu: “Vinte anos antes dela nascer”. Em termos práticos,
os psicólogos e pedagogos informam que essa educação disciplinar pode ser
aplicada a partir dos dois anos de idade, quando a criança já começa apresenta suas faculdades
cognitivas em condições de compreender e assimilar melhor o que seus pais
querem lhe comunicar. Essas orientações, como bem disse Santo Agostinho
precisam estar imbuídas de uma forte dose de amor, a fim de que os filhos
sintam que as recomendações de seus pais são boas para todos.
Nesse trabalho, os pais devem
observar desde cedo os sinais do orgulho e do egoísmo que a criança manifeste,
corrigindo-a. “Quantos pais são infelizes com seus filhos, porque não
combateram suas más tendências no princípio! Por fraqueza ou indiferença,
deixaram se desenvolver neles os germes do orgulho, do egoísmo e da tola
vaidade que secam o coração; depois, mais tarde, recolhendo o que semearam,
espantam-se e se afligem pela sua falta de respeito e ingratidão.” (**) Uma vez
cumprida a tarefa, o resultado será sempre a consciência tranquila, de modo que
a prestação de contas a Deus ocorrerá sem sobressaltos.
Notas
(*) Cap. XIV (“Honrai a vosso pai e a vossa mãe”), item 9 das Instruções dos Espíritos (“A
ingratidão dos filhos e os laços de família”).
(**) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V (“Bem-aventurados
os aflitos”), itens 4 e 5 (“Causas atuais das aflições”).
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