Francisco Muniz -
Nossos comentários neste dia 15 de maio vão abordar o teor
do versículo 5 do capítulo 7 do Evangelho de Mateus, que aparece sob a epígrafe
“Não julgar”. Estes comentários, como se sabe, constituem um estudo de algumas
passagens do Novo Testamento sob a luz diáfana da Doutrina Espírita, que revive
a pureza do Cristianismo primitivo. Eis, portanto, o texto que abordaremos,
transcrito da Bíblia de Jerusalém:
“Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás
bem para tirar o cisco do olho do teu irmão.”
Por diversas vezes, durante os três curtos anos de sua
pregação, Jesus ensinou a seus discípulos a resguardarem-se do “fermento dos
fariseus”, referindo-se ao comportamento desse grupo de sacerdotes que, junto
com os escribas, especializaram-se na fomentação de querelas inúteis quanto à
observância da Lei. Esse comportamento consistia no rigorismo imposto ao povo,
enquanto eles mesmos, julgando-se limpos, purificados, santos mesmo, de nada se
cobravam, assumindo a postura do “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”.
Segundo o Messias, eles se assemelhavam a sepulcros caiados: brancos por fora,
mas cheios de podridão por dentro (Mateus 23:27-32).
Se os fariseus já não existem na atualidade, esse
comportamento, contudo, não desapareceu, significando hoje o culto do personalismo,
próprio daqueles que preferem viver de aparência e se recusam as disciplinas
que possibilitam a mudança de atitude. Em razão disso é que nos vemos, volta e
meia, apontando o dedo para alguém que cometeu um pequeno deslize, julgando-o e
condenando-o por erros que também cometeríamos (e, por certo, ainda cometemos!).
O Cristo, porém, pede-nos que evitemos o julgamento condenatório, recomendando-nos
a prudência nesses momentos, porquanto todos nós, Espíritos inferiores, ainda
na esteira da imperfeição, estamos passíveis de errar a qualquer momento. O
exemplo do apóstolo Pedro, no episódio da tripla negação, é um grande
indicativo do que dizemos.
Ninguém tem o direito de julgar e o próprio Mestre, que
poderia, por sua elevada condição espiritual, exercer seu julgamento sobre a
mulher adúltera, fez-nos ver, ao contrário, que seus acusadores primeiro
examinassem a própria consciência, antes de nela atirarem a primeira pedra. É
nesse sentido que suas palavras anotadas por Mateus ganham sentido: antes de
querermos corrigir o outro que tem um “cisco” no olho, isto é, que errou um
tantinho assim, vejamos a “trave” no nosso olho, significando o muito que
erramos e tentamos esconder de nós mesmos, como se isso fosse possível, de modo
que é preciso, em nome da honestidade, reconhecermos que não estamos em
condições de apontar o dedo para ninguém nem de sermos modelo de comportamento
para quem quer que seja.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, livro de
cabeceira de todo e qualquer espírita interessado na transformação de si mesmo,
à lição da indulgência (*), virtude que em tudo se assemelha à recomendação
evangélica de perdoarmos a fim de que sejamos perdoados. “Sede indulgentes,
meus amigos, porque a indulgência atrais, acalma, reergue, ao passo que o rigor
desencoraja, afasta e irrita”, diz José, um Espírito protetor no final de sua
mensagem, enquanto João, antigo bispo de Bordéus, solicita-nos esse
comportamento “para com as faltas de outrem, quaisquer que sejam”; que não
julguemos com severidade senão as nossas próprias ações, “e o Senhor usará de
indulgência para convosco, como dela usastes para com os outros”.
(*) Cap. X (“Bem-aventurados aqueles que são misericordiosos”),
itens 16 a 21 das Instruções dos Espíritos.
Bela interpretação.....belo ensinamento!...
ResponderExcluir<3
ResponderExcluir