Esta data no Evangelho (12 de maio)

Francisco Muniz -



Neste dia 12 de maio nosso estudo de temas do Novo Testamento nos leva a considerar o texto do quinto versículo do capítulo 4 da Epístola de Paulo aos Hebreus, no qual o Apóstolo dos Gentios diz o seguinte, tratando da fé em Deus:

“E ainda nesta passagem: ‘Não entrarão no meu repouso’.”

Como é praxe, o texto, cuja epígrafe é “A fé introduz no repouso de Deus”, é copiado da Bíblia de Jerusalém e nossos comentários são feitos de acordo com o aprendizado da Doutrina Espírita.

Paulo de Tarso subsidia suas palavras com os dizeres do Salmo 96 e também com o que se lê em Números (livro do Velho Testamento) 14:21-23, revelando a “ira” de Deus para com os homens insensatos que no passado da história de Israel o tentaram no deserto, durante o périplo de Moisés em busca da Terra Prometida.

Mas o que será que significa repousar em Deus e por que esse repouso é negado a algumas pessoas? As respostas podem estar no versículo 3 desse capítulo, no qual o ex-doutor da lei afirma que “nós, porém, que abraçamos a fé, entraremos num repouso (...)”, o que não se dará com os incrédulos, “visto que aqueles que primeiro receberam a boa nova não entraram [nesse repouso] devido à sua indocilidade”, sendo necessário que estes que não creem esperem um novo dia, “um hoje”, significando uma nova oportunidade reencarnatória, a oportunidade que Deus nos dá para que nos corrijamos e avancemos na senda do aperfeiçoamento.

Entramos no repouso de Deus, portanto, quando realizamos em nós mesmos as obras complementares da Criação divina, a começar da crença nesse Pai amantíssimo e na assistência providencial que ele manifesta em benefício de cada um, seus filhos ingratos que precisamos reconhecer a Verdade em nós, conforme salientou o Cristo. Ou seja, é preciso que nos descubramos Espíritos imortais criados por Deus e necessitados de reencetar nossa caminhada de volta para seu seio misericordioso, amando-nos e nós próprios e a nosso próximo. Tal é o maior mandamento da Lei, de acordo com o que nos ensinou o Messias, há mais de dois mil anos, e que ainda não conseguimos cumprir a contento, dada nossa pouca disposição para o trabalho de autoaperfeiçoamento.

Segundo pondera Allan Kardec (*), “se Deus houvesse isentado o homem do trabalho do corpo, seus membros estariam atrofiados; se o houvesse isentado do trabalho da inteligência, seu espírito teria permanecido na infância, no estado de instinto animal; por isso, fez-lhe do trabalho uma necessidade e lhe disse: ‘Procura e acharás, trabalha e produzirás; dessa maneira, serás o filho das tuas obras, delas terás o mérito, e serás recompensado segundo o que tiveres feito’”.

É claro, trata-se de um repouso metafórico que remete ao “descanso” de Deus no sexto dia após ter criado tudo o que existe. Numa leitura mais profunda, esotérica mesmo, a atividade divina representa os passos iniciáticos que o Espírito deve dar para atingir o máximo de sua evolução, tornando-se um com o Pai, conforme salientou o Cristo. Somente então repousaríamos em Deus, que estaria, assim, satisfeito com nossa participação do trabalho de embelezamento de sua obra, através do cultivo das virtudes que nos transformará, um dia, em Filhos do Homem, a exemplo de Jesus.

(*) Cap. XXV (“Buscai e achareis”), item 3 (“Ajuda-te e o Céu te ajudará”) de O Evangelho Segundo o Espiritismo.


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