Francisco Muniz -
Vem do versículo 5 do capítulo 22 de Atos dos Apóstolos o
assunto de nossos comentários de hoje, dia 11 de maio, no âmbito do estudo de
algumas passagens do Novo Testamento sob a inspiração da Doutrina Espírita. O
versículo é posto sob a epígrafe “Discurso de Paulo aos judeus de Jerusalém”,
no qual o Apóstolo dos Gentios faz uma confissão. Eis o texto, colhido das
páginas da Bíblia de Jerusalém:
“(...) como o podem testemunhar o sumo sacerdote e todos
os anciãos. Deles cheguei a receber cartas de recomendação para os irmãos em
Damasco e para lá me dirigi, a fim de trazer algemados para Jerusalém os que lá
estivessem, para serem aqui punidos.”
Como é praxe, vejamos, inicialmente, o que há no(s)
versículo(s) anterior(es), conforme indicam as reticências entre parênteses,
para melhor compreendermos o pensamento de Paulo, que, estando preso, pede a
atenção de seus juízes: “Eu sou judeu. Nasci em Tarso, da Cilícia, mas criei-me
nesta cidade, educado aos pés de Gamaliel na observância exata da Lei de nossos
pais, cheio de zelo por Deus, como vós todos no dia de hoje. Persegui de morte
este Caminho, prendendo e lançando à prisão homens e mulheres (...)”
A história de Paulo (*), ou melhor, de Saulo de Tarso é a do
doutor da lei inteligente que alcançaria postos de destaque no Judaísmo
possivelmente chegando à condição de sumo sacerdote se seu “zelo por Deus” não
fosse radicalmente modificado naquele célebre encontro com o Cristo no caminho
para Damasco. Ele, que perseguia os homens do Caminho, como eram conhecidos os
seguidores do Nazareno antes que Lucas os batizasse de cristãos, tornou-se
também um deles, sendo, a despeito de todas a dificuldades experimentadas, o
maior divulgador do Evangelho.
Ele não tinha grandes motivos para arrependimento, porque o
que fez enquanto Saulo devia-se ao desconhecimento do Cristo, ou seja, à sua
ignorância quanto à Verdade, apesar de seu “zelo por Deus”. Mas ele perceberia
depois que esse zelo era excessivo, porquanto o Deus pelo qual zelava estava longe
de ser o Pai de misericórdia apresentado pelo Messias, assim como também não
era nem mesmo o Deus que estabeleceu o “não matarás” do quinto mandamento dado
a Moisés no Decálogo, nas Tábuas da Lei.
Assim, as cartas de recomendação recebidas do Sinédrio
serviriam para aprisionar principalmente Ananias, que teria, possivelmente, o
mesmo fim trágico de Estêvão, não fosse a intervenção do Cristo. E, para maior
assistência espiritual ao futuro Apóstolo dos Gentios, também aquele que se
tornara o primeiro mártir do Cristianismo nascente passaria a ser um dileto
companheiro junto a Saulo, mesmo do outro lado do véu.
Transformado em Paulo, após reconhecer que sua vida pregressa
como doutor da lei já não lhe dizia respeito – “Já não sou eu que vivo, mas o
Cristo é que vive em mim!” –, agora dedicado ao amoroso serviço do Cristo,
Saulo caíra em desgraça perante seus irmãos judeus, que tudo fizeram para perdê-lo,
até pediram sua morte, o que só não conseguiram porque o convertido era também
romano e contava com a proteção do Império.
(*) No livro Paulo e Estêvão (ed. FEB), que Emmanuel
ditou ao médium Francisco Cândido Xavier, podem-se conhecer os detalhes dessa
extraordinária experiência que atesta a grandeza de Jesus e a intrepidez de
seus emissários (apóstolos, em grego).
DEUS seja louvado 🙌🙏🏽
ResponderExcluirSempre!
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