Francisco Muniz -
Sob a epígrafe “À espera da Parusia” (*), o sétimo versículo
do capítulo 4 da Primeira Epístola de Pedro apresenta-se hoje, dia 7 de abril,
para os comentários que tentaremos fazer, dando prosseguimento ao nosso estudo
de algumas passagens do Novo Testamento. Nossa abordagem é baseada no
aprendizado que fazemos da Doutrina Espírita, a chave com a qual podemos
interpretar magistralmente as lições do Evangelho de Jesus. Dito isto, vamos ao
texto do versículo, copiado da Bíblia de Jerusalém:
“O fim de todas as coisas está próximo. Levai, pois, uma
vida de autodomínio e de sobriedade, dedicada à oração.”
Os relatos sobre o fim das coisas, o fim dos tempos ou o fim
do mundo são abundantes no Novo Testamento desde que Jesus, que nada deixou
escrito, pronunciou seu discurso escatológico (**). Alguns religiosos tomam ao
pé da letra essas expressões, acreditando realmente que a humanidade será um
dia extinta ou que nosso planeta poderá ser destruído, para então acontecer o
chamado “juízo final”. No entanto, o chamamento do apóstolo, em sua primeira
Carta à cristandade, indica, assim nos parece, a proximidade espacial e não
temporal do proclamado “fim de todas as coisas”, numa referência à finitude do
homem enquanto ser encarnado, sendo seu corpo perecível. É, portanto, a
proximidade da morte física, quando se dá, de fato, o "dia do juízo".
A esse respeito, julgando a si mesmo, num necessário exame
de consciência, o homem sensato, voltado, portanto, à vivência dos postulados
evangélicos, há de adotar posturas comportamentais que lhe assegurem aqueles
autodomínio e sobriedade sugeridos por Pedro. Essa tentativa de se pautar por
uma conduta reta, inspirada em valores cristãos, fará esse homem manter-se
constantemente em estado de oração, por compreender que Deus é, efetivamente, o
Poder Supremo e sob sua proteção estará sempre na companhia dos bons Espíritos.
É o que nos informa a Doutrina Espírita desde sua revelação ao mundo, no não
tão distante ano de 1857 – no dia 18 deste mês de abril, data de lançamento de O
Livro dos Espíritos, essa revelação completará seus 167 anos.
Sendo o Espiritismo, conforme cremos, a partir da informação
dos Imortais (***), é o Consolador prometido por Jesus, “o Espírito de Verdade
que o mundo não pode receber porque não o conhece” (João 14:5-7 e 26), então a
parusia já se deu, desde meados do Séc. XIX. Dessa forma, vale muito mais
atentarmos para o caráter subjetivo da lição de Pedro do que, como se diz,
procurarmos “cabelo em cabeça de alfinete”, perscrutando sinais da segunda
vinda física de Jesus, quando ele próprio afirmou que nossa geração, “má e
adúltera”, não terá outro sinal a não ser o de Jonas. Busquemos, pois,
compreender o símbolo do peixe e compreenderemos o que o Mestre quis dizer.
Em suma, ocupemo-nos em (mais) estudar para saber; em (mais)
estudar-nos para conhecermo-nos; em (mais) trabalhar para transformarmos nossa
condição ainda sofrível; em (mais) amar para levar um pouco de alegria aos
companheiros de jornada; e em sermos cada vez mais úteis junto ao Cristo para
mais merecermos da Divina Misericórdia.
Notas
(*) Parusia, ou parúsia, do grego “parousia”,
significando “visita”, é termo usado na Religião como referência à crença na
segunda vinda de Jesus Cristo à Terra, conforme descrita especialmente pelo
apóstolo Paulo.
(**) Escatológico = referente à escatologia,
doutrina que trata do destino final do homem e do mundo; pode apresentar-se em
discurso profético ou em contexto apocalíptico.
(***) Ver O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI
(“O Cristo consolador”).
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