Francisco Muniz -
“Preceitos particulares de moral doméstica” é a epígrafe sob
a qual encontramos o versículo 5 do quarto capítulo da Epístola de Paulo aos
Colossenses que comentaremos hoje, dia 5 de abril, em prosseguimento de nosso
estudo de temas do Novo Testamento. Nossos comentários, como já informado, são
feitos com base no aprendizado da Doutrina Espírita e o texto é copiado da Bíblia
de Jerusalém. Ei-lo:
“Tratai com sabedoria os de fora; sabei tirar proveito do
tempo presente.”
Este é um conselho de valor inestimável que o Apóstolo dos
Gentios nos apresenta nessa sua Carta aos fiéis da cidade de Colossos (*),
recomendando-nos viver no “tempo presente”, isto é, aproveitarmos o dia de hoje
para pormos em prática os ensinamentos que desenvolverão nossos valores
internos. E que melhor momento temos para isso senão quando encontramos “os de
fora”, ou seja, os estímulos externos que têm o condão de nos provocar as mais
diversas ações e reações, capazes, cada uma delas, de nos elevar sobremaneira sobre
nós mesmos ou fazer-nos despencar mais fundo ainda no abismo que cavamos sob
nossos pés?
O fato é que, ignorantes como estamos, mais reagimos
irrefletidamente do que agimos positiva e responsavelmente ante os estímulos que
nos chegam de toda parte, reclamando das circunstâncias adversas, queixando-nos
da “sorte” e responsabilizando os outros por nossos infortúnios. No entanto, os
bons conselhos não nos são regateados jamais, pois há sempre uma voz nos
alertando na consciência ou um sinal deixado numa frase de algum livro que
abrimos “ao acaso”, ou no alerta insuspeitado na palavra de alguém ao lado.
Paulo de Tarso sugere tratarmos com sabedoria os de fora, observando e
procurando aprender com o comportamento alheio ou com os exemplos deixados aqui
e ali.
Uma vez, o médium Divaldo Franco, que então experimentava
duras provações, em visita a Chico Xavier, em Uberaba, questionou por que os
Espíritos, que indicavam soluções para os problemas de todos os que os
procuravam, não ofereciam respostas para os dramas próprios de seus medianeiros.
Ao voltar a Salvador, a Benfeitora Joanna de Ângelis o teria informado de que
tudo quanto escrevia por suas mãos, e era publicado nos livros sob sua autoria,
era dirigido primeiramente a ele mesmo, de modo que bastava a Divaldo consultar
sua estante quando atravessasse momentos difíceis, que todos os temos.
Naturalmente, o conselho paulino se estende às pessoas –
talvez principalmente –, alertando-nos quanto à necessidade de demonstrarmos,
no trato com os outros, as noções de boas maneiras aprendidas em casa,
revelando nossa educação, porque, como eu ouvia de minha mãe, o “costume de
casa vai à praça”. Assim, se somos um tantinho sábios, agiremos sempre
prudentemente, dando a palavra a quem nos procure e, ouvindo-o, saberemos, no
silêncio desses breves momentos de meditação, como nos portar em qualquer
situação.
Recordamos, a propósito, que, na condição de aprendizes do
Espiritismo, devemos ter sempre em mente o caráter científico da Doutrina, cuja
metodologia, conforme a exposição de Allan Kardec em O Livro dos Espíritos,
implica na observação dos fatos e na experimentação, para daí colhermos as conclusões
mais pertinentes a cada caso, especialmente no que se refere a nós próprios.
Sobretudo, como discípulos do Cristo, devemos exercitar o amor fraternal junto
a todos, atentando para os dois mandamentos que o Espírito de Verdade deixou
aos espíritas: “Amai-vos, eis o primeiro; instruí-vos, eis o segundo” (**).
Notas
(*) Nas diversas versões em português da Bíblia Sagrada, esta cidade é
denominada Colossos, conforme Colossenses 1:2, mas o topônimo correto é Colossas. Colossas era uma cidade da
Frígia, no rio Lico, um afluente do rio Meandro. Estava situada cerca de 15
quilômetros a sudeste de Laodiceia, próximo à grande estrada que ligava Éfeso
ao Eufrates. Suas ruínas, localizadas na atual província de Denizli, na
Turquia, nunca foram escavadas.
(**) Ver O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI (“O
Cristo consolador”).
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