Francisco Muniz -
Hoje, dia 3 de abril, é do Evangelho de Marcos que vem o
tema de nossos comentários, prosseguindo o estudo de algumas passagens do Novo
Testamento sob a inspiração da Doutrina Espírita. Assim, vamos ao terceiro
versículo do capítulo 4, onde lemos o texto abaixo, tirado da Bíblia de
Jerusalém e colocado sob a epígrafe “Parábola do semeador”:
“Escutai: Eis que o semeador saiu a semear.”
Aqui, nossa atenção é facilmente conduzida para a existência
de três verbos, três tipos de ação que o fiel é chamado a desenvolver em seu
aprendizado do Cristianismo, especialmente agora, com o auxílio indispensável
do Espiritismo para bem interpretarmos e compreendermos as lições de Jesus,
para então vivenciá-las. A título de curiosidade, essa parábola é uma das duas
únicas que o Mestre precisou explicar a seus discípulos – a outra foi a do joio
crescendo junto do trigo. É necessário, pois, escutar e para isto devemos desenvolver
os “ouvidos de ouvir”, tanto quanto os “olhos de ver”, como em diversas
ocasiões referiu o Cristo, querendo ele, com tais palavras, dizer que
precisamos abrir espaço em nosso ser para a compreensão e discernimento da
verdade em meio aos fatos e ruídos perturbadores do mundo.
O segundo verbo também é muito significativo, representando
a imprescindibilidade de sairmos de nós mesmos, isto é, escaparmos, o quanto
possível, do domínio do ego que nos escraviza na dimensão material, como forma
de refletirmos nossa condição de Espíritos imortais. Fazendo assim, para o que
utilizamos os recursos que a Divindade nos coloca à disposição, como a prece e a
meditação, ou mesmo os exercícios práticos da caridade abnegada, conseguimos as
oportunidades no tempo e no espaço, inclusive transcendendo-os, para
observarmos a nós mesmos. Vemos, como médiuns, o quanto a concentração é
importante nesses momentos em que somos convocados a ouvir tanto a própria consciência,
acessando a imanência de Deus, quanto, em condições propícias, a voz dos irmãos
da Espiritualidade.
É então que, observando o exemplo do Semeador – e aqui vemos
claramente a função de Jesus no seio da Humanidade inteira –, também nos
comprometemos responsavelmente com a semeadura que nos cabe realizar nas duas
dimensões de nosso ser: a física, enquanto homens agindo na experiência
terrena, e a espiritual, no desenvolvimento dos valores morais que nos jazem em
germe. Acima de tudo, temos de considerar, na atualidade, nosso papel de
continuadores, uma vez reconhecida nossa herança divina, da obra do Cristo na
Terra, fazendo nossa parte e, graças aos conhecimentos dilatados da Doutrina
dos Espíritos, indo um pouco mais além daquilo que nos compete originalmente,
pois é dever do semeador espalhar as sementes nos mais diversos tipos de
terreno, conforme a lição da parábola.
Desse modo, importa-nos observar as duas naturezas do
compromisso que nos trouxe ao palco terreno. Primeiramente, reencarnamos por
especial deferência do Cristo, governador deste planeta que momentaneamente nos
acolhe, segundo informação do Espírito Emmanuel em seu livro Caminho,
Verdade e Vida (*). Somos todos, portanto, ovelhas de seu imenso rebanho.
Depois, aqui estamos comprometidos com a própria consciência, uma vez que imploramos
por esta oportunidade de corrigir nossos erros transatos e assim adquirirmos
méritos para o futuro, aperfeiçoando nossos dotes e aformoseando nosso caráter
perante Deus. É dessa forma, portanto, que hoje nos vemos melhores que ontem e
amanhã estaremos, seguramente, bem melhores que hoje.
(*) Psicografia de Francisco Cândido Xavier; ed. FEB.
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