Esta data no Evangelho (26 de abril)

Francisco Muniz - 



“Oração dos apóstolos na perseguição” é tanto a epígrafe do versículo 26 do quarto capítulo de Atos dos Apóstolos quanto o tema do assunto que hoje, dia 26 de abril, tentaremos comentar, à luz da Doutrina dos Espíritos. Nossos comentários, como é sabido, dão curso ao estudo de algumas passagens do Novo Testamento e o texto escolhido aleatoriamente – abaixo – nós o lemos nas páginas da Bíblia de Jerusalém:

“Os reis da terra apresentaram-se e os governantes se coligaram de comum acordo contra o Senhor, e contra o seu Ungido.”

Os apóstolos se reuniram para orar em agradecimento a Deus pela soltura de Pedro e João, que haviam sido presos e julgados pelo Sinédrio, como já vimos mais atrás. Nessa oração, eles citaram versos do Salmo 2 de Davi, que constitui uma das muitas profecias acerca do Messias, o Ungido do Senhor. Com efeito, os reis e os governantes da terra, isto é, os poderosos que, orgulhosos de sua condição, pensam estar acima da Divindade, continuam desprezando as recomendações do Cristo no que concerne a amarmo-nos uns aos outros, preferindo o armai-vos uns contra os outros. Os versos de Davi, contudo, referem-se ao conluio estabelecido entre o rei Herodes e Pôncio Pilatos, representante do Império Romano, uma vez envolvidos nas tramas criadas pelos sacerdotes do Templo de Jerusalém para eliminarem a ameaça que Jesus representava para a manutenção de seu poder temporal.

Quando, ao final da Segunda Guerra Mundial, uma revista nova-iorquina de circulação nacional nos Estados Unidos propôs um concurso solicitando que seus leitores sugerissem ideias para acabar, em definitivo, com todas as ameaças à paz no mundo, chegaram à redação cartas de todos os pontos do país. O elevado prêmio em dinheiro justificava essa adesão maciça. Havia, de fato, muito boas ideias, mas os jurados contratados pela revista escolheram a sugestão que resumia em duas palavrinhas os esforços que a Humanidade deveria empreender para alcançar a paz tão sonhada: “Experimentem Jesus!” Observando como o mundo se encontra desde então, convimos que a receita premiada ainda não foi posta em execução em larga escala, porquanto as nações seguem digladiando, haja vista a recente agressão do poderio militar russo à quase impotente Ucrânia (de lá para cá, nada mudou), ante a impassibilidade mundial.

Mas tudo quanto assistimos, na atualidade do planeta, embora julguemos se tratar unicamente da ambição de uns poucos homens, corresponde, em verdade, à aplicação das leis divinas em favor da própria Humanidade, isto é, dos Espíritos em processo de evolução estagiando provisoriamente no mundo. Há aqueles que cooperam com o Cristo e seus emissários agindo de conformidade com os ideais do bem, promovendo o progresso coletivo, fazendo jus ao salário do trabalhador fiel; como há, também, quem coopere para o mesmo progresso agindo de maneira contrária àqueles ideais, de forma que serão, mais tarde, responsabilizados por todo o mal que houverem feito ou promovido. O ideal do bem, na Terra, é a prática da caridade universal, para que todos os homens vivam em paz ajudando-se mutuamente, com isto diminuindo gradativamente o império do egoísmo e do orgulho que ainda nos caracterizam.

A esse respeito, vale recordarmos preciosa mensagem do Espírito Emmanuel, ditada a Chico Xavier, que nos esclarece sobre a contabilidade da Divina Providência: “Caridade não é tão somente a Divina Virtude, é também o sistema contábil do Universo, que nos permite a felicidade de auxiliar para sermos auxiliados. Deus, que nos auxilia sempre, permite-nos possuir, para que aprendamos também a auxiliar. Em verdade, devemos a Deus tudo o que temos, mas possuímos o que damos”. Assim, de acordo com o princípio da contabilidade no mundo, "quem recebe, deve e quem paga tem crédito". É dessa forma que encontraremos a paz que Jesus oferece para nosso mundo íntimo, e não aquela que se observa no mundo exterior, constituindo os parcos períodos de tranquilidade entre uma agressão e outra...


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