Francisco Muniz -
As “Recordações pessoais” – epígrafe sob a qual encontra-se
o versículo 19 do capítulo 4 da Epístola de Paulo aos Gálatas – dão o mote para
nossos comentários neste dia 19 de abril, no prosseguimento do estudo de temas
do Novo Testamento, sob a luz diáfana da Doutrina dos Espíritos. O texto,
retirado, como é sabido, das páginas da Bíblia de Jerusalém, é o que
segue:
“(...) meus filhos, por quem eu sofro de novo as dores do
parto, até que Cristo seja formado em vós.”
Poderíamos, desta vez, desprezar as reticências entre
parênteses e nos dedicarmos à interpretação da frase do Apóstolo dos Gentios,
mas já formamos uma “jurisprudência” nesse sentido e seria como infringir a lei
não observá-las agora. Assim, vamos ver o que diz(em) o(s) versículo(s) anterior(es):
desde o 12, Paulo suplica aos fiéis da Igreja da Galácia, antigamente
idólatras, que reconsiderem o comportamento para com ele próprio, perguntando: “Então,
dizendo-vos a verdade, eu me tornei vosso inimigo?” E afirma que os antigos
hábitos seriam uma forma de mantê-los separados: “O que querem é separar-vos de
mim para que vós os cortejeis a eles. É bom ser cortejado para o bem sempre, e
não só quando estou presente entre vós (...)”
Paulo, aí, experimenta, guardadas as proporções, a mesma
paixão apregoada por Jesus, quando afirmou ter vindo lançar fogo ao mundo,
tendo pressa de que se acenda, além de revelar-se como o Divino Pastor que tudo
faz e fará para reunir suas ovelhas no aprisco seguro. Os homens, contudo, sabedores
de que dispõem do livre arbítrio, que é a possibilidade de escolhermos entre o
bem e o mal – e este é apenas a ausência do bem – costumamos andar na contramão
da vontade de Deus, expressa em suas leis soberanas presentes em nossa
consciência. Por tal razão Allan Kardec questionou os Espíritos autores da
Codificação sobre a necessidade da Revelação Espírita, uma vez que já tínhamos
os ensinos de Jesus, e a resposta, que pode ser lida em O Livro dos
Espíritos, foi que nós nos esquecemos dessas leis.
Desse modo, é mesmo necessário passarmos pelas experiências dolorosas
consequentes às escolhas muitas vezes equivocadas que fazemos, para que o
Cristo possa nascer em nós, tanto individual quanto coletivamente. Nesta última
acepção, é o que acontece presentemente com o mundo, tanto no tocante à Humanidade
quanto ao próprio planeta, que ora passam pelo processo purificador que
resultará na nova condição de mundo regenerador, tal como descrito no terceiro
capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo (“Há muitas moradas da
Casa de meu Pai”).
Segundo o Espírito Emmanuel, há duas formas de crescermos
para Deus através do aprendizado durante a encarnação: a observação, que muito
pouco escolhemos, embora seja a modalidade mais fácil; e a experimentação, a
que mais amiúde utilizamos, mesmo sendo a mais dolorosa. É como se ouvíssemos
novamente nossas mães avisando-nos, seus filhos teimosos, para não tocarmos nas
chamas do fogo porque elas podem nos queimar. No entanto, não damos ouvidos às
ponderações maternas e seguimos pela vida afora pondo, incautamente, a mão nas
chamas que são as situações indesejáveis, criando dramas que vão custar por
vezes um tempo considerável (séculos, milênios...) para serem corrigidos.
Isso quer dizer que ainda não aprendemos a utilizar
inteligentemente os recursos que a Bondade Divina nos oferece para nosso
aprendizado, levando-nos a desprezar as boas orientações recebidas desde
sempre. O que fizemos com o Cristo no passado – o que anualmente recordamos durante
uma semana – é um exemplo para cujas consequências a Misericórdia Divina envia o
Espiritismo, com a finalidade de atenuá-las.
Recursos da Bondade Divina existe e sempre existirá. É Deus no coração Sempre.
ResponderExcluirTem razão, Cláudia. Abraço.
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