Esta data no Evangelho (18 de abril)

Francisco Muniz -


Sob a epígrafe “Vocação dos quatro primeiros discípulos”, o versículo 18 do capítulo 4 do Evangelho de Mateus traz o assunto que devemos comentar hoje, dia 18 de abril, prosseguindo nosso estudo de algumas passagens do Novo Testamento de acordo com as luzes do Espiritismo. Recordamos que nesta data festejamos o lançamento de O Livro dos Espíritos, obra que marca a Terceira Revelação de Deus aos homens, recebida há 167 anos, na Paris do século XIX. Eis o texto que exige nossa atenção, copiado da Bíblia de Jerusalém:

“Estando ele a caminhar junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos: Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores.”

Em 2019, quando precisei me submeter a um tratamento de quimioterapia para apagar as marcas deixadas por um “caranguejinho” em meu corpo, idealizei algumas técnicas utilizadas por Jesus no desempenho da missão que o trouxe a este mundo. Ele, que desde cedo observou as atividades pastoris a que os judeus de seu tempo se entregavam, pôde, de acordo com minha pobre percepção, aplicar as técnicas do pastoreio, da agricultura e, dentre outras, também a da pesca, para a qual imaginei este “passo a passo”: 1 - abra uma Bíblia aleatoriamente; 2 - jogue o anzol; 3 - se vier um peixe, foi do Novo Testamento; 4 - peça a um amigo para abrir a boca do peixe e tirar uma moeda; 5 - peça a esse amigo para pescar outro peixe; 6 - asse esses dois peixes e junte três pães; 7 - parta tudo em pedacinhos, enchendo 12 cestos; 8 - com esses pedacinhos, alimente cinco mil pessoas; 9 - escolha um amigo pescador, de preferência aquele do início, por ser o mais velho, e diga-lhe que doravante ele será pescador de homens.  

A tarefa de “pescar homens” – ou almas – constitui a principal atividade, ou vocação, dos cristãos, desde que sejam fiéis trabalhadores do Cristo, na atualidade, e isto se faz através do talento de que cada um disponha ou manifeste, consciente ou inconscientemente. Pois há, seguramente, quem realize trabalhos muito importantes nos quais não veja relevância alguma. Uma vez, há muito anos, conversamos com um Espírito feminino, durante uma reunião mediúnica, que se queixava de não ter méritos para seguir em frente em sua jornada evolutiva; então perguntamos o que ela fazia quando encarnada e a ouvimos dizer que tinha sido uma simples lavadeira; inspirados, dissemos ser essa uma tarefa assaz grandiosa, pois ela atendia à necessidade de bem apresentarem-se os homens de negócio, engomando-lhes os ternos; as mulheres em suas recepções, ostentando belos e muito bem passados vestidos; e as crianças, com seus impecáveis uniformes escolares. Ao final de nossa conversa, pedimos a essa entidade espiritual que olhasse para as próprias mãos e ela as viu brilharem, despedindo-se muito feliz.

Assim Jesus passa por cada um de nós, observando nossas mínimas ocupações e dinamizando nosso potencial de realização para que, através de nossos exemplos de probidade, honestidade, responsabilidade e zelo para com as coisas de Deus que nos são emprestadas, outros possam proceder também de igual forma, mesmo que movidos, às vezes, pelo espírito de competição. É aquela história que ouvimos amiúde nas palestras na Casa Espírita: Deus não escolhe os capacitados, ele capacita os escolhidos. A bem dizer, os escolhidos somos todos nós que nos identificamos com a proposta e, ainda que estejamos marcados pelo orgulho e pelo egoísmo, procuramos atender ao divino apelo. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec resume, no Cap. III, o ensinamento dos Espíritos referente às “muitas moradas na casa de meu Pai” dizendo que, no tocante ao nosso futuro, somente nos rivalizaremos uns com os outros na prática do bem e da caridade. Tal é o objetivo da Doutrina Espírita, o aperfeiçoamento moral de toda a Humanidade, conforme lemos em O Livro dos Espíritos.


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