Esta data no Evangelho (14 de abril)

Francisco Muniz - 


Superado o episódio da tentação, Jesus deixa o deserto e empreende seu “retorno à Galileia” – esta, a epígrafe sob a qual encontramos, no Evangelho de Mateus, o versículo 14 do capítulo 4, trazendo o tema dos comentários que faremos hoje, dia 14 de abril, prosseguindo nosso estudo de algumas passagens do Novo Testamento. O texto, selecionado da Bíblia de Jerusalém, vem “quebrado”, ou interrompido, como segue:

“(...) para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: (...)”

Resolvemos essa interrupção consultando o(s) versículo(s) anterior(es) quanto o(s) posterior(es). Assim, o 12 e o 13 nos dizem: “Ao ouvir que João tinha sido preso, ele voltou para a Galileia e, deixando Nazara (*), foi morar em Cafarnaum, à beira-mar, nos confins de Zabulon e Neftali (...)”, enquanto os versículos 15 e 16 informam a profecia de Isaías: “Terra de Zabulon, terra de Naftali, caminho do mar, região além do Jordão, Galileia das nações! O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; aos que jaziam na região sombria da morte, surgiu uma luz”. Desse modo, o que nos cabe comentar é exatamente o sentido da profecia, que justifica plenamente a condição messiânica de Jesus, ainda que os sacerdotes de então, profundos conhecedores das Escrituras, tivessem preferido fechar os olhos para a importância da presença do autoproclamado “Filho do Homem” (**) entre eles.

O trabalho de hoje vai dedicado ao amigo e companheiro de lides doutrinárias Cláudio Emanuel Abdala, um autêntico servidor do Cristo Jesus e estudioso das lições do Evangelho pela via da Doutrina Espírita, a quem agrada muito a sonoridade das palavras Zabulon e Neftali. Com ele aprendemos bastante. Voltando ao texto que ora abordamos, convém afirmar que Jesus, nos três anos aproximados de seu messianato, sempre fez questão de deixar claro, especialmente para quem tinha “ouvidos de ouvir”, que as profecias de Isaías se cumpriam nele mesmo.

Na Bíblia, isto é, no Velho Testamento, há uma coleção de “livros proféticos” e três deles são atribuídos a Isaías e colocados devidamente agrupados: os capítulos 1 a 39 tratam da santidade de Deus, ou seja, só Deus é absoluto; aqueles numerados de 40 a 55 foram escritos – diz a Bíblia de Jerusalém – por um profeta anônimo durante o exílio na Babilônia, apresentando uma mensagem de esperança e consolação; já os capítulos 56 a 66 trazem uma coletânea de oráculos anônimos “que procuram estimular a comunidade que veio do exílio e se reuniu em Jerusalém com os que estavam dispersos. Condena os abusos que começam de novo a aparecer e mostra qual é o verdadeiro jejum necessário para que haja novos céus e nova terra”.

Jesus, portanto, repete o que foi predito muitos séculos antes de seu advento, porquanto veio cumprir a Lei e não derrogá-la, sendo suas propostas vistas como absurdas ou, no mínimo, estranhas apenas porque os homens, tanto os de ontem quanto os de hoje, acostumaram-se com os abusos da vida material, assim desprezando as coisas celestiais. O Messias vem propor uma verdadeira revolução moral no mundo, no seio da Humanidade, provocando o despertamento dos homens para sua realidade íntima, a de Espíritos imortais necessitados de empreender com a urgência necessária sua jornada de volta à casa paterna. Tal é o sentido do convite para a construção e acesso ao chamado Reino dos Céus (ou de Deus), no qual nos veremos plenificados, experimentando as alegrias daqueles “novos céus e nova terra” preditos por Isaías.

Notas

(*) Nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém diz se tratar de uma forma muito rara da palavra Nazaré, “atestada por excelentes autoridades”; Lucas (4:16) também utiliza esse termo; contudo, pela “imensa maioria dos documentos”, preferiu-se a “forma comum Nazaré”.

(**) Essa expressão significa o resultado dos esforços do homem no sentido da evolução espiritual; um dia, portanto, seremos novos Cristos, conscientes de nossa condição de Espíritos imortais, filhos e herdeiros da Divindade.


Comentários

  1. Excelente. Amo o evangelho. Amo quando tem as histórias. Fica mais fácil de entender. Justa homenagem Cláudio Abdala

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  2. Pois é, Jô. Cláudio faz uma obra admirável com a qual adquire muitos méritos perante o Criador.

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