Francisco Muniz -
A Bíblia de Jerusalém, aberta para a apresentação do
tema dos comentários deste dia 13 de abril, oferece-nos hoje o texto do versículo
13 do quarto capítulo do Apocalipse, correspondente aos “Prelúdios do ‘grande
dia’ de Deus”, integrantes da segunda parte (“Visões proféticas”) desse livro escrito
mediunicamente por João Evangelista. Eis o texto, que comentaremos de acordo com
nosso aprendizado da Doutrina Espírita:
“E ouvi toda criatura no céu, na terra, sob a terra, no
mar, e todos os seres que neles vivem, proclamarem: ‘Àquele que está sentado no
trono e ao Cordeiro pertencem o louvor, a honra, a glória e o domínio pelos
séculos dos séculos!’”
Deus e o Cristo, aqui representados pelas figuras do rei (“aquele
que está sentado no trono”) e do “Cordeiro”, respectivamente, são a razão de
ser do Espiritismo, que tem no Criador seu princípio mais fundamental, sendo a
condição “sine qua non” da própria Realidade. Indagados por Allan Kardec (*)
quanto à natureza de Deus, os Espíritos autores da Codificação o conceituaram
neste primor de síntese: “É a inteligência suprema, causa primeira de todas as
coisas”. A partir dessa revelação espiritual, o Codificador pôde então resumir,
na introdução de O Livro dos Espíritos, os atributos do Ser por
excelência que Jesus nos apresentou como o Pai, afirmando que “Deus é eterno,
imutável, imaterial, único, onipresente, soberanamente justo e bom”.
Quanto ao Cristo, é ele quem preside, sob as ordens de Deus,
todo este movimento de renovação do planeta e da Humanidade que conhecemos pelo
nome de Doutrina Espírita, cujo objetivo é a transformação moral dos homens. Um
com o Pai, isto é, integralmente identificado com o Amor que é a própria
essência da Criação e da Divindade – “Deus é amor”, conforme diz João em sua Primeira
Epístola (4:16) – para o cumprimento das soberanas leis, o Cristo governa a
Terra, de cuja formação esteve pessoalmente encarregado. Dessa maneira, também
estão sob seus cuidados os destinos dos Espíritos que Deus lhe confiou, pastoreando-os
como a ovelhas que precisam ser conduzidas ao aprisco. Sobre ele, os Luminares
da Codificação sintetizaram, em O Livro dos Espíritos, como o guia e modelo da
Humanidade.
Inegavelmente, a eles, portanto, são devidos o louvor, a
honra, a glória e o domínio de tudo quanto existe e se relacione com nosso
planeta, em cuja Natureza todos os seres vivos proclamam em si mesmos a
excelsitude de Deus e do Cristo. Assim é porquanto todas as criaturas trazem
gravadas na própria essência a marca do Criador e tanto as plantas, os animais
e os organismos dos reinos inferiores registram em seus elementos constitutivos
a perfeição com que foram criados. Essa perfeição se exalta no Homem, ou seja,
nos seres espirituais vinculados ao reino hominal, representados pelos
Espíritos – joia da coroa na Obra da Criação – desde os elementais, que constituem
nossa condição imediatamente anterior do ponto de vista da evolução.
O processo evolutivo dos Espíritos, portanto, está vinculado
necessariamente ao reconhecimento consciente da realidade da dimensão divina,
da qual o Cristo é, junto a nós, o representante máximo. Por isso aqueles de
nossos irmãos ainda endurecidos quanto ao entendimento e aferrados ao mal pelo
comportamento tremem à mais leve expressão do nome de Jesus, o Cordeiro de Deus
que se deixou imolar para ensinar o modo de se alcançar a redenção. Trata-se,
evidentemente, de um símbolo psicológico, representando a vitória do Espírito
imortal sobre seu ego, a instância da personalidade que se permite dominar pela
realidade ilusória da vida material, vitória essa que é obra dos séculos...
(*) Ver, em O Livro dos Espíritos, as questões 1 a 3 (“Que é
Deus?”) e a 625 (“Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem
para lhe servir de guia e modelo?”).
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