Francisco Muniz -
Hoje, dia 11 de abril, calhou de abrirmos a Bíblia de
Jerusalém na Terceira Epístola de João, que não é dividida em capítulos e
por isso vamos comentar o versículo 11, que se encontra exatamente no quarto
parágrafo. Como já é sabido, nosso estudo de algumas passagens do Novo
Testamento é feito com base no aprendizado da Doutrina Espírita. Assim, eis o
texto que examinaremos nesta data, colocado sob a epígrafe “Conduta de
Diótrefes”:
“Caríssimo, não imites o mal, mas o bem. O que faz o bem
é de Deus. Quem faz o mal não viu a Deus.”
Dirigido a Gaio, destinatário dessa Carta, o conselho de
João é referente a esse tal Diótrefes (*), mas se estende a todos nós, na
atualidade, porquanto as lições evangélicas, todas elas embasadas na moral
cristã, de caráter puríssimo (**), são atemporais: “Céus e terras passarão, mas
minhas palavras não passarão”, disse o Cristo (Mateus 24:35). Mas até que
assimilemos perfeitamente as recomendações de Jesus ainda seremos capazes de
cometer muito mal, se levarmos em conta o que Sócrates preconizou, afirmando
que, desde a infância, todos os homens fazem mais o mal do que o bem. Está aí a
importância de nos esclarecermos e especializarmos na prática do bem, para bem
orientarmos nossos filhos, posto que eles imitam muito facilmente nossos
exemplos.
Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, dando voz aos
Espíritos Superiores, informa-nos que não basta não fazer o mal, é preciso
fazer o bem (questão 629 e seguintes), deixando-nos concluir que é facílimo
abster-nos do mal, bastando, para isso, resguardar-nos no ambiente sacrossanto
do lar e julgaríamos não estar fazendo mal a ninguém. Contudo, também não
estaríamos fazendo bem algum, de modo que precisamos sair de nós mesmos, de
nossa pretensa tranquilidade, para demonstrarmos ter visto Deus, isto é, conhecê-lo
(através de suas leis), tanto quanto sua política, a fraternidade, esboçada no
ensinamento máximo de Jesus, a regra de ouro do Evangelho: “Tudo que quiseres
que te façam, faz primeiramente aos outros” (Mateus 7:12).
Percebe-se, portanto, que a simples prática do bem exige de
nossa parte um esforço considerável, razão pela qual vemos o mundo tão
atormentado, entregue, por enquanto, ao estrépito (sim, o mal é barulhento,
enquanto o bem anda com pantufas!) dos vícios, do crime e da violência. E não
adianta apenas coibirmos os efeitos externos do mal, é preciso extirpá-lo pela
raiz, razão mesma das propostas radicais do Cristo. O mal está em nós e
podemos, num exame de consciência, identificar cada uma de suas manifestações
que conhecemos primeiro pelo nome de “pecados”. Segundo Krishnamurti (***), há
quatro deles, tidos por “capitais”: a maldade, a crueldade, a maledicência e a
superstição, aos quais damos combate, transformando-os, mediante os constantes
exercícios do amor incondicional e esclarecendo-nos a respeito da verdade.
Notas
(*) Segundo a Bíblia de Jerusalém, Diótrefes não era
submisso ao Ancião (João), ao contrário de Gaio, a quem o evangelista destina
sua Carta.
(**) Na Introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo,
Allan Kardec pondera: “Podem dividir-se as matérias contidas nos Evangelhos [são
quatro os canônicos] em cinco partes: os atos comuns da vida do Cristo, os milagres,
as profecias, as palavras que serviram para o estabelecimento dos dogmas da
Igreja e o ensinamento moral. Se as quatro primeiras partes foram objeto de
controvérsias, a última se manteve inatacável.”
"Enquanto o mal faz barulho, o bem anda de pantufas " vem mundo de regeneração!
ResponderExcluirAo fim deste milênio ele deverá estar instalado entre nós. :)
ResponderExcluir