Esta data no Evangelho (10 de abril)

Francisco Muniz -


Sob a epígrafe “Jesus entre os samaritanos”, o capítulo 4 do Evangelho de João volta a nos oferecer assunto para nossos comentários, agora sobre o versículo 10, correspondente a este dia 10 de abril, prosseguindo o estudo de temas do Novo Testamento. Mais uma vez utilizando a Bíblia de Jerusalém, dela copiamos o texto do versículo, que segue abaixo para a abordagem de acordo com nosso aprendizado do Espiritismo:

“Jesus lhe respondeu: ‘Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz: “Dá-me de beber”, tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva!’”

Consideremos que a mulher samaritana a quem Jesus falava somos todos nós, na atualidade, e entenderemos, assim, que todos, especialmente quem se diga cristão, precisamos conhecer o “dom de Deus” de que trata o evangelista, a fim de recebermos essa água viva que nos dessedentará por completo. O dom de Deus, assim considerando, é o Cristo em nós, nossa mais elevada instância espiritual, vinculada que está diretamente ao Criador, porquanto há uma outra instância, esta voltada para a realidade material, francamente ilusória – daí nos prendermos à doença chamada materialismo –, que nos impede de ver a Verdade. Tal condição configura o estado de sono em que nos encontramos, precisando despertar com a urgência necessária para a realidade do Espírito imortal.

Até que se dê esse despertamento, continuaremos sedentos e famintos do conhecimento libertador que nos fará dar um passo além, na direção de nós mesmos, a fim de encontrarmos o Cristo e nos fazermos um com ele, para a futura e definitiva união com a dimensão divina, da qual somos originários. É tempo, pois, de pedirmos ao Amigo de todas as horas que nos beneficie com a água viva de seu amor, para que, dessedentados, embora ainda não plenamente, saibamos reconsiderar nossa jornada e nos comprometermos um pouco mais efetivamente na realização das tarefas que nos trouxeram ao mundo, especialmente aquelas pertinentes ao trabalho de autoaperfeiçoamento.

Para deixar tudo bem claro quanto às nossas necessidades evolutivas, o Nazareno explicou que àquele que pede se lhe dará, de modo que, sozinhos, não vamos muito longe, sendo imprescindível recorrermos aos dons de Deus para termos garantidas nossas possibilidades de sucesso. “Pedi e obtereis”, disse ele, para o que basta elevarmos o pensamento ao Criador, numa prece sincera e fervorosa, ainda que nossa fé seja diminuta como um grão de mostarda, para recebermos, no tempo e na intensidade propícios, o complemento de misericórdia a que fizermos jus. A esse respeito, em O Evangelho Segundo o Espiritismo (*) Allan Kardec, o codificador da Doutrina Espírita, informa que apenas três coisas devemos pedir a Deus: coragem, paciência e resignação.

Recordemos, a propósito, que, sobre seu primo João, o Batista, que veio aplainar os caminhos que Jesus mais tarde trilharia para o coração da Humanidade, o Mestre afirmou que "dos filhos de mulher", isto é, dos homens ainda ligados à matéria, "João é o maior". As palavras do Cristo indicam que João havia conquistado maturidade espiritual suficiente para se depurar e se libertar das amarras materiais. Tal é a luta dos homens semidespertos, uma vez que aqueles que dormem o sono da materialidade passam ao largo das questões transcendentais. Os homens despertos, por outro lado, já vivem a mensagem libertadora em plenitude, abrindo caminho para os que lhes seguem os passos em demanda do Reino dos Céus. Por isso, ao se pronunciar sobre o Batista, Jesus também declarou: "Mas o menor no Reino de Deus é maior do que João."

(*) Capítulo XXVII, itens 5 a 8 (“Eficácia da prece”).

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