Lições do Evangelho

Francisco Muniz - 

Jesus é e precisa estar continuamente no centro de nossas ocupações, preocupações, pretensões e pensamentos, porquanto vêm dele as melhores inspirações para as diversas atividades que realizamos na Terra, durante a encarnação. Sem ele, sem sua amorosa assistência, que seria de nós?

Assim, para que fiquemos o mínimo que seja conectados com a dimensão espiritual do Cristo é que publicamos estas gotinhas inspiradoras que podem ser tomadas uma vez ao dia, a cada dia, durante um mês inteiro.

A intenção é, com elas, enchermo-nos de coragem e disposição para enfrentar as lutas do dia a dia muito bem acompanhados, porquanto Jesus é hoje e será sempre o companheiro amigo que não nos deixará a sós um minuto sequer, desde que o queiramos perto de nós.

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1 - Humildade

Descer do pedestal de orgulho, arrogância e prepotência é tarefa inadiável de todo aquele que se julga poderoso, caso contrário a queda será fragorosa. Assim, se o rei pode lavar os pés do mendigo, deve fazê-lo, conforme a recomendação do Cristo: "Quem quiser ser o maior no reino dos céus seja o servidor de todos."

2 - Mansidão 

No Evangelho, Jesus chama a atenção para o fato de que "durante muito tempo o reino dos céus era tomado pela violência", mas doravante o amor que Ele ensina será nosso salvo conduto. Os violentos sofrerão as consequências das próprias ações, enquanto os mansos herdarão a terra, conforme ensina o Cristo, pedindo a seus discípulos não se amedrontem no momento de tomar atitudes viris: "Somente os lobos caem em armadilhas de lobos."

3 - Caridade

Pela contabilidade divina, semelhante à que exercitamos no mundo, quem recebe deve e quem paga tem haver (ou crédito). Reconheçamos que recebemos muito da Providência, de modo que estamos sempre devedores, pois muito pouco retribuímos. Mas quem sabe que tudo quanto tem lhe chega por empréstimo divino aprende a dividir seus bens com os mais necessitados, de acordo com as palavras do Cristo: "Tudo que fizerdes a cada um dos pequeninos do meu Pai é a mim que o fareis."

4 - Paciência

"O imprudente tomba no próprio abismo; paciente, resolve todos os problemas", pondera a Benfeitora Joana de Ângelis. O homem sensato aprende a esperar confiante o cumprimento dos desígnios divinos, recordando o ensinamento de Jesus: "Vinde a mim todos vós que estais cansados e aflitos e eu vos aliviarei."

5 - Justiça

Dizia Sócrates que não conhecemos a justiça, apenas a injustiça, que nos é mais vantajosa. Para o filósofo, para conhecermos a justiça devemos abrir mão de tudo que julgamos nosso em benefício dos mais necessitados. Se o homem quer ser, mais que parecer justo, deve ele despojar-se de todo sentimento egoísta, assim como o Mestre ensinou: "Se amais somente a quem vos ama e emprestais apenas a quem vos devolve, que fazeis de especial?"

6 - Perdão

Estamos todos, na Terra, atados em relações doentias das quais só nos liberaremos pelo exercício constante do perdão, sem esperarmos que o outro faça o mesmo, pois o que ele faz é nos dar a oportunidade de nos esforçarmos nesse trabalho. Assim, prestemos mais atenção ás orientações do Cristo: "Reconcilia-te depressa com teu adversário ou não sairás daí até pagares o último ceitil."

7 - Piedade

Os homens insensatos seguem explorando de várias formas seus irmãos de caminhada, tornando-se culpáveis por essa infração às leis divinas. Essa atitude naqueles que se dizem cristãos torna-os mais condenáveis ainda, por não cumprirem o pouco que já compreendem das lições de Jesus, que um dia pronunciou estas palavras: "Meu Pai não quer sacrifício, mas misericórdia."

8 - Parâmetros

Saúde: "Eu vim para os doentes, os são não precisam de médico."

Orientação: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, ninguém vai ao Pai senão por mim."

Destinação: "Eu vos vou preparar um lugar; quando estiver pronto, voltarei para vos levar."

Seleção: "Tenho ainda muitas ovelhas que não fazem parte deste rebanho."

9 - Recompensa

Ninguém espere privilégios da parte de Deus apenas por estar fazendo o que lhe compete. Deus não premia a quem quer que seja, assim como também não castiga aqueles que julgamos estarem no caminho errado. É dele todo o julgamento e de sua Lei vem a consequência de cada ato, consoante o que Jesus ensinou: "A cada um será dado de acordo com suas obras."

10 - Religião

Nenhum profitente de qualquer corrente religiosa está impedido de conhecer o Evangelho e, pelo menos, meditar nas palavras do Cristo, que não veio instituir nenhuma religião, apenas apresentar o mais perfeito código de ética baseado nestes sublimes princípios morais "Ama a teu próximo como a ti mesmo; meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem; o que você quer para si mesmo faça primeiramente ao outro."

11 - Poder

Homens que detêm o poder da riqueza e aqueloutros investidos do conhecimento científico não poucas vezes se deixam embriagar com o vinho do orgulho e se acreditam superiores a todos os demais, esquecidos de que seu saber é bem estreito, abarcando as coisas da terra, em detrimento das coisas do Céu. Deles, Jesus vaticinou: "Glória te dou, Pai, por esconderes estas coisas dos sábios e prudentes e as revelares aos simples e pequeninos."

12 - Crendices

Se não fosse a superstição, ninguém daria vez à figura lendária do Satanás. Jesus falou dele como representação do mal que trazemos em nós, para desfazer a crença dos judeus de sua época. É triste constatar que, dois mil anos depois, ainda não saibamos interpretar o Evangelho, preferindo seguir ao pé da letra morta em vez de lhe procurar o Espírito que vivifica, como ensina o apóstolo Paulo.

13 - Pobreza

Como se pode observar, as ações dos homens no sentido de diminuir a pobreza ao redor do mundo, embora todas elas muito louváveis, têm se mostrado inócuas, porque o número de pobres só aumenta e as condições em que eles vivem são das mais degradadas e degradantes em comparação com os ambientes ditos "nobres". Segundo pode-se compreender do estudo acurado do Evangelho, o papel dos pobres entre nós tem um propósito muito especial, qual seja o de nos estimular à prática da caridade. Para isso, contudo, é imprescindível bebermos sempre da fonte de água viva que é o Cristo, porquanto um dia ele nos disse: "Os pobres, sempre os tereis, quanto a mim, nem sempre me tereis."

14 - Sabedoria

A prudência, mais que o conhecimento, é o que fará do homem um candidato à sabedoria, à semelhança do filósofo Sócrates, que afirmava só saber que nada sabia, sendo considerado, contudo, o homem mais sábio de seu tempo. E Jesus, não nos esqueçamos, ensinava que o homem prudente é aquele que constrói sua casa sobre a rocha do princípios imortais, ao passo que o tolo a constrói na areia das facilidades ilusórias.

15 - Indulgência

Dadas as imperfeições do homem na Terra, não surpreende que ele se ocupe mais em observar e alardear os erros do próximo que em prestar atenção no próprio comportamento equivocado, procurando consertar-se. Por tal razão, o Cristo nos perguntou um dia: "Por que vês o cisco no olho de teu irmão e não retiras a trave que está no teu?"

16 - Fraternidade

Filhos do mesmo Pai, os homens são herdeiros da Divindade e têm o dever de olhar uns para os outros como irmãos, cumprindo a política da fraternidade que o Cristo veio estabelecer no mundo. Ele próprio se apresentou como nosso irmão mais velho, vindo da parte do Pai Supremo para nos encaminhar a um destino glorioso, ao afirmar que precisamos amar o próximo como a nós mesmos.

17 - Vida

O homem comum, ainda apegado às coisas da matéria, amedronta-se ante a possibilidade da morte física, esquecido de que nossa presença no mundo prende-se ao aprendizado da morte que liberta pela ressurreição da alma. Todo aprendiz do Evangelho deve despertar sua consciência para essa verdade. É isso que Jesus ensinou às irmãs de seu amigo Lázaro, afirmando que "aquele que crê em mim, mesmo morto viverá".

18 - Trabalho

Os auxiliares do Cristo nos dizem que o trabalho é uma expiação terrestre e talvez por isso vemos tão poucas pessoas interessadas nas ações que engrandecem a alma e se afeiçoarem, ao contrário, às atividades meramente mundanas, quando não se entregam à preguiça. Esquecem-se de que Jesus veio nos fazer recordar a necessidade de estarmos sempre em condições de cumprir a vontade e o exemplo de Deus ao proclamar esta verdade: "Meu Pai trabalha desde sempre e eu também trabalho."

19 - Tolerância

Os homens, mesmo aqueles que têm um mínimo conhecimento do Evangelho, ainda se deixam conduzir por posturas preconceituosas que muitas vezes deságuam em ações contrárias à tolerância recomendada pelo Cristo, ao ensinar que "aquele que estiver sem pecado atire a primeira pedra".

20 - Alegria

Todo o Evangelho é uma elegia ao bem, à verdade e à alegria, porque quando jesus proclamou a Boa Nova sua voz entoou o mais belo cântico que jamais se ouviu desde os Cantares de Salomão. É, portanto, dever de todo cristão sincero manifestar sua alegria através do serviço que é chamado a realizar em favor dos mais necessitados, seguindo o exemplo de Francisco, o santo de Assis.

21 - Virtude

Diz o filósofo Sócrates, através de seu pupilo Platão, que "o homem vicioso é aquele que ama mais seu corpo do que a alma". Com efeito, o vício é o oposto da virtude e, sendo o corpo apenas um instrumento de manifestação do Espírito no plano físico, ele tem duração momentânea, ao passo que a alma é imortal e por isso merece todos os cuidados do ser consciente com vistas ao seu aformoseamento. Essa prática leva ao aperfeiçoamento moral da criatura, que assim desenvolve suas virtudes. A alma pede um alimento diferente daquele que se dá ao corpo, por isso o Cristo considerou: "Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus".

22 - Amizade

Quem presta atenção nas palavras de Jesus compreende facilmente que sua proposta é fazer com que os homens sejam mais do que irmãos pela paternidade divina, ele quer que sejamos todos amigos uns dos outros, assim como o é de cada um de nós. Não foi à toa que nos advertiu: "Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto está s no caminho com ele, para que não acontece que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão".

23 - Paz

"A  minha paz vos dou, não como o mundo a dá, que esta o mundo não conhece", proclamou Jesus. Sim, poucos homens conhecem e procuram vivenciar a paz que o Cristo nos apresentou, dedicando-se àquela que o mundo oferece. Ora, os homens, tanto quanto o mundo, vivem em demorado conflito, interna como externamente, apenas por lhes faltar a coragem ou determinação no sentido de modificar os apelos do ego em favor de sua condição espiritual, renunciando de boa vontade aos convites da realidade enganadora da matéria.

24 - Inofensibilidade

A lei mosaica prescrevia perdoar os pecados até sete vezes, mas a Pedro o Cristo reparou que o perdão dever ser exercitado até setenta vezes sete vezes. Com essas palavras, Jesus queria que entendêssemos que a prática do perdão deve ser constante, varando esta e muitas outras reencarnações até nos tornarmos inofendíveis. Só assim não precisaremos perdoar a mais ninguém, modificando radicalmente nossas disposições íntimas, conforme pontuou o Mestre: "Bem aventurados os puros de coração porque verão a Deus."

25 - Advento

A vinda do Messias ao mundo, no seio do "povo escolhido", tinha um propósito que ainda não foi alcançado. Ao contrário de um príncipe guerreiro esperado por aquele povo que ainda mantinha o coração endurecido, Jesus se apresentou como o Mestre do Amor, convidando a todos para aderirem a suas revolucionárias propostas de libertação. Não o aceitaram e violentamente expulsaram daqui o Príncipe da Paz. No entanto, todos os anos somos chamados a reconsiderar a mensagem ouvida pelos pastores na noite do Advento, recepcionando o nascimento do filho de José e Maria: "Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade."

26 - Sinceridade

Desde dois mil anos atrás, os homens ainda mantêm um comportamento farisaico, agindo com hipocrisia em suas relações. É mesmo difícil abrir a alma e tirar as máscaras sociais, por exigirem, tais posturas, a coragem de sermos sinceros, caminhando sempre ao lado da verdade. E como esse comportamento marca principalmente nossa relação com o Cristo, em nossas atitudes religiosas, é salutar ponderarmos as palavras que ele nos deixou: "Essa geração má e adúltera me honra com os lábios, mas seu coração está cheio de rapina. São sepulcros caiados, limpos por fora e cheios de podridão por dentro."

27 - Hierarquia

Deus é o Pai amantíssimo, o Criador por cujas leis tudo se fez e faz, ordenando o Universo e tudo que nele existe. Jesus é o encarregado-mor, responsável pela aplicação das leis e condução do grande rebanho humano espalhado pelos diversos mundo do Sistema Solar. Os Bons Espíritos são os estafetas do Cristo, orientando, alertando, conduzindo e estimulando os homens na caminhada pra frente e para o alto. Dentre eles, os guias, mentores e anjos da guarda se aplicam em proteger, orientar e conduzir seus pupilos no caminho do bem. Os homens são os filhos cujos deveres consistem em se darem as mãos pra juntos marcharem de volta para Deus, espelhando-se nos exemplos do Cristo e seguindo as boas orientações de seus prepostos.

28 - Doação

A mediunidade é uma preciosa ferramenta que nos permite não só entrar em contato com o mundo dos Espíritos, estreitando nossas relações com eles. Permite, principalmente, que nos ajudemos uns aos outros, neste plano mesmo, com a participação dos amigos espirituais. É um trabalho de doação sobre o qual não se deve colocar preço, porque, ainda que esteja em nós, a mediunidade não nos pertence, conforme Jesus nos alertou: "Dai de graça o que de graça recebestes."

29 - Guia e modelo 

Certa vez um moço aproximou-se de Jesus e tentou iniciar uma conversa dizendo assim: "Bom Mestre...", mas Jesus o interrompeu para ministrar uma lição: "Por que dizes que sou bom? Bom é só o Pai que está no Céu, que faz chover sobre ridos e pobres e o o Sol brilhar sobre bons e maus. Mas sou Mestre, e os que me acompanham não andarão em trevas." De farto, Jesus é o educador por excelência e nessa função ele nos conduz, seus discípulos, como um guia cuidadoso do qual devemos imitar os exemplos, além de assimilar suas lições. Assim o reverenciamos como guia e modelo da Humanidade, uma Humanidade que não se resume aos homens estacionados momentaneamente na Terra, mas abrange as populações dos planetas de todo este Sistema Solar.

30 - Proteção

No final da oração do "Pai nosso", Jesus nos ensina a pedir a Deus que "não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos de todo o mal". No entanto, a maioria dos que nos dizemos cristãos, acostumados a tomar as palavras sagradas ao pé da letra, colocamo-nos à margem do problema, acreditando que Deus fará tudo por nós, como se não tivéssemos qualquer responsabilidade na obtenção dessa proteção. É preciso, desse modo, que interpretemos com mais atenção a lição do Cristo: "Faz e tua parte e Deus te ajudará."

31 - Maturidade

Sobre seu primo João, o Batista, que veio aplainar os caminhos que Jesus mais tarde trilharia para o coração da Humanidade, o Mestre afirmou que "dos filhos de mulher", isto é, dos homens ainda ligados à matéria, "João é o maior". As palavras do Cristo indicam que João havia conquistado maturidade espiritual suficiente para se depurar e se libertar das amarras materiais. Tal é a luta dos homens semidespertos, uma vez que aqueles dormem o sono da materialidade passam ao largo das questões transcendentais. Os homens desperto, por outro lado, já vivem a mensagem libertadora em plenitude, abrindo caminho para os que lhes seguem os passos em demanda do Reino dos Céus. Por isso, ao se pronunciar sobre o Batista, Jesus também declarou: "Mas o menor no Reino de Deus é maior do que João."