Francisco Muniz //
A Epístola de Tiago, em seu versículo 6 do terceiro
capítulo, oferece-nos o tema de nossos comentários neste dia 6 de março,
prosseguindo o estudo de algumas passagens do Novo Testamento, sob a luz do
Espiritismo. Eis o que diz o texto destacado da Bíblia de Jerusalém:
“Ora, também a língua é um fogo. Como o mundo do mal, a
língua está posta entre os nossos membros maculando o corpo inteiro e pondo em
chamas o ciclo da criação, inflamada como está pela geena.”
Como coincidências não existem, mas a sincronicidade (*) advogada
pelo psicanalista Carl Gustav Jung (1875-1961), nosso culto doméstico do
Evangelho na noite anterior a este registro teve todas as três leituras (**)
habituais versando sobre a importância da palavra bem colocada. Como diz Tiago,
a língua, principal instrumento das palavras que pronunciamos, pode provocar
incêndios de consequências inimagináveis, razão pela qual Emmanuel, através do
médium Francisco Cândido Xavier, pede que lancemos mão constantemente do “extintor
dos ouvidos”. Ouvindo com atenção e compreendendo o que nos querem transmitir,
evitamos chicotear os outros com nossa língua flamejante. Por isso é que se diz
que o silêncio é de ouro, enquanto a palavra tem o valor da prata.
Disse Jesus que “a boca fala do que está cheio o coração”
(Mateus 12:34); assim considerando, vemos que a sede dos pensamentos não é
propriamente o cérebro, mas a mente, ou a alma, dos quais o coração é um
símbolo. Dessa maneira, duas lições do Cristo ganham importância capital para
que possamos exercer o devido controle mental decorrente da recomendação no sentido
de orarmos e vigiarmos para não cairmos em tentação. A primeira é aquela em que
o Mestre alude à necessidade de purificarmos o coração, fazendo com que nossos
pensamentos sejam sempre equilibrados e assim nossas palavras alcançarão sempre
os objetivos elevados que anelamos. A outra lição é a que pede seja nosso falar
“sim, sim; não, não” (Mateus 5:37), exigindo de nossa parte uma tal firmeza de
caráter que nos fará jamais transigir dos princípios norteadores do bom
corportamento.
Nesse versículo estudado, o apóstolo afirma que a língua é
capaz de macular todo o corpo, “inflamada como está pela geena” (***), podendo
mesmo complicar o “ciclo da criação”, isto é, a sucessão das experiências
reencarnatórias, transferindo "débitos" de uma encarnação para outra. Com suas
palavras, Tiago parece interpretar o ensino de Jesus segundo o qual “se os teus
olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos
forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti
há sejam trevas, que grandes trevas serão!” (Mateus 6:22-23) Por isso é
que o Nazareno esclareceu ser “melhor entrar na vida com um olho só, do que,
tendo os dois, ser lançado no fogo do inferno”, conforme Mateus 18:9, o que
explica as anomalias aparentes a que o ser se submete em suas provas pela reencarnação.
Notas
(*) O que Jung não pôde dizer é que nossas ideias são
transmitidas de mente a mente, envolvendo aí a influenciação espiritual, porquanto
todos estamos acompanhados por uma “nuvem de testemunhas”, tal como percebeu o
apóstolo Paulo de Tarso.
(**) Usamos, presentemente, além de O Evangelho Segundo o
Espiritismo (IDE), os livros Minutos com Chico Xavier (ed. Intelítera),
de José Carlos de Lucca, e Pão nosso (ed. FEB), de Emmanuel por Chico
Xavier.
(***) Palavra que representa o inferno simbólico, o mesmo “mundo
do mal” referido por Tiago em sua Carta.
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