Francisco Muniz -
Hoje, dia 30 de março, nosso estudo de passagens do Novo
Testamento nos traz o versículo 30 do terceiro capítulo do Evangelho de Marcos,
cujo texto, recolhido habitualmente da Bíblia de Jerusalém, que o coloca
sob a epígrafe “Calúnia dos escribas”, comentaremos com base no aprendizado da
Doutrina Espírita. Ei-lo:
“É porque diziam: ‘Ele está possuído por um espírito
imundo’.”
Hoje nós brincamos dizendo que “pegaram alguém pra Cristo”
quando esse alguém sofre algum ou todo tipo de perseguição, a começar do “bullying”
na fase escolar. Mas ao tempo de Jesus nada foi fácil para ele, que teve de suportar
os apupos dos escribas, a desconfiança dos doutores da lei e o combate
sistemático que os fariseus lhe moveram. Desde cedo o Mestre nos mostrou que sempre
seria trabalhoso vencermos nossas imperfeições em meio às dificuldades próprias
de um mundo de provas e expiação qual a Terra. Porque, entre os ditos “normais”,
aqueles que se esforçam para dar um passo além, vencendo a “normose” (*), são
tachados de bobos, tolos, idiotas apenas por buscarem uma condição melhor,
principalmente quando essa condição passa pela experiência religiosa, ou
espiritual.
Então, o mais comum que ouvimos, em decorrência de nosso
envolvimento com a Doutrina Espírita, é dizerem que estamos obsidiados, isto é,
influenciados por Espíritos maléficos, do mesmo modo como os escribas de dois
mil anos atrás caluniavam Jesus. “Espíritos imundos” costumavam apoquentar
muita gente na Palestina daqueles tempos; na verdade, a obsessão espiritual
esteve sempre presente na Terra, resultante do conúbio nem sempre saudável
entre encarnados e desencarnados, cabendo ao sábio lionês (**) Allan Kardec estudar
sua gênese e propor a melhor terapêutica para esses casos. Hoje, graças ao
Espiritismo, que nos esclarece suficientemente acerca das influenciações
espirituais nefastas, compreendemos que a obsessão, que já levou muitos médiuns
para as fogueiras da Inquisição e para os hospícios, é o mal de todos os séculos.
Em seu livro No Rumo do Mundo de Regeneração (***), o
Espírito Manuel Philomeno de Miranda – quando encarnado, ele especializou-se
nesse aspecto da medicina espiritual – revela que presentemente, nestes tempos
de pandemia do novo coronavírus, estamos atravessando uma verdadeira epidemia
obsessiva. A razão é que estamos numa fase de melhoramento moral da Humanidade,
de modo que nossos irmãos desencarnados, especialmente os menos aquinhoados desses
valores da alma, têm vindo, com a devida permissão divina, com muito mais ênfase
para perto de nós. Assim, se não encontram meios de também melhorarem junto aos
homens, eles se aproveitam para insuflar-nos pensamentos contrários à ideia do
bem, prejudicando-se enquanto tentam prejudicar-nos nesse intercâmbio doentio.
Como se percebe, somos nós que damos vez aos estados malsãos
de nossa mente e a solução para semelhante problemática é a compreensão do que
acontece para então tomarmos as providências mais cabíveis, a começar do estudo
que leva ao autoconhecimento, continuando na adoção de práticas no campo da
caridade, para o aformoseamento das virtudes que trazemos em germe em nossa
essência espiritual. Acima de tudo, para a cura real das enfermidades
obsessivas, é imprescindível nosso despertamento para o fato de sermos todos
seres essencialmente imortais, de modo que é tarefa inadiável discernirmos
entre nós mesmos, o ser que pensa, e o corpo material, que mais não é do que o
instrumento de que o Espírito se serve para atuar no ambiente material, uma vez
(re)encarnado. E o Cristo é o caminho e o condutor desse novo estágio que nos
tirará da ignorância do que somos.
Notas
(*) Termo criado pelo educador e psicólogo francês Pierre Weil, criador da Universidade da Paz (Unipaz) no Brasil, onde se radicou até sua desencarnação, em 2008.
(**) Kardec, cognome do professor Hippolyte Léon Denizard
Rivail, ganhou esse epíteto por ser natural da cidade de Lyon, uma das maiores
da França.
(**) Psicografia do médium Divaldo Pereira Franco; ed. LEAL,
Salvador, 2020.
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