Francisco Muniz -
O último versículo do terceiro capítulo da Epístola de Paulo
aos Gálatas é justamente o 29.º, correspondente deste dia 29 de março, o qual,
no âmbito de nosso estudo de temas do Novo Testamento, devemos comentar hoje,
segundo o aprendizado da Doutrina Espírita. Eis o texto, copiado da Bíblia
de Jerusalém:
“E se vós sois de Cristo, então sois descendência de
Abraão, herdeiros segundo a promessa.”
Não é raro que algumas pessoas se interessem em pesquisar e construir
a árvore genealógica de sua família, recordando seus antepassados até cinco ou
seis (ou mais) gerações atrás, como forma de homenageá-los e manter o que
acreditam ser uma honrosa tradição. No entanto, o que se honra aí é o valor materialista
do sangue e do nome de família, algo que, se se perpetua na dimensão terrena,
desaparece na esfera espiritual, onde só importam os valores morais que a alma
soube cultivar ao longo de sua experiência terrena. Seja como for, o que o
Apóstolo dos Gentios revela em sua frase é que todos nós que nos irmanamos pela
crença no Deus único remontamos à ascendência de Abraão, o primeiro Patriarca e
tronco dos três grandes ramos do monoteísmo no mundo. Pela ordem em que
surgiram na Terra, são eles o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo.
O Judaísmo é anterior a Moisés, mas foi este Legislador quem
deu o formato atual dessa religião, ao apresentar aos antigos hebreus a Lei de
Deus, o mesmo Deus que revelou, na configuração de Iahweh, sua unicidade a Abraão muitos séculos antes,
prometendo que sua geração, a partir de Isaac e Jacó, ocuparia toda a Terra. Para
bom entendimento, as palavras de Iahweh significavam o fim progressivo do
politeísmo, o que efetivamente se dará quando os homens compreenderem sua
condição de Espíritos imortais criados pela Inteligência Suprema e abolirem as falsas
crenças, baseadas nas ilusões da matéria. Foi para ajudar-nos nesse mister que a
Humanidade recebeu a Terceira Revelação, o Espiritismo, que veio no tempo
propício fazer eco ao ensinamento libertador que o Cristo Jesus nos legou há
vinte séculos, cuja finalidade é o combate ao materialismo que alimentamos em
nós mesmos.
Num só parágrafo citei os quatro reveladores, pois acredito
que também Abraão o fora, sendo o primeiro a apresentar a ideia do Deus Único
quando o politeísmo grassava preponderantemente no mundo de então. Allan
Kardec, no entanto, despreza esse fato, atendo-se unicamente a Moisés e ao
Cristo, destacando o Espiritismo pela característica de não estar centrado em nenhuma
personalidade humana. São os Espíritos, isto é, os seres da esfera invisível
da existência, o mundo espiritual, que, escancarando o segredo dos túmulos, vêm
dizer aos homens que, assim como Jesus o manifestara na ressurreição, ninguém morre,
logo, a morte não existe, atestando que a imortalidade é nossa principal condição.
Despertar para esse fato, portanto, será a mais importante revolução que
seremos capazes de realizar e para a qual temos recebido, desde Jesus, os mais enfáticos
apelos do Alto.
Assim, se, como diz Paulo de Tarso, somos de Cristo – e no
Ocidente, na grande maioria, o somos, representando o Cristianismo, nas
estatísticas mundiais, a religião majoritária, em termos populacionais (*), cumprindo-se
aí a promessa de Iahweh ao grande Patriarca –, somos, então, herdeiros desse
pensamento que o Cristo veio consolidar entre nós mostrando a face compassiva
de Deus. Não mais, agora, o Senhor dos Exércitos, não mais o Deus terrível,
cruel e vingador do Velho Testamento, mas o Pai misericordioso que ama ilimitadamente
todos os seus filhos, mesmo o mais terrível inimigo dos homens, para todos
estendendo sua bondade inefável, docemente convidando-nos à conversão à prática
do bem, mercê de suas leis sábias e perfeitas - imutáveis portanto. Que
saibamos honrar cada um desses convites!
(*) No início do século XXI o cristianismo conta com 2,3 bilhões de fiéis, representando cerca de
um quarto a um terço da população mundial, e é uma das maiores religiões do mundo. O cristianismo também é a religião de Estado de diversos
países. (Wikipedia)
Um pastor me disse , que segundo o entendimento deles, nós não somos os escolhidos. Que Jesus veio para o povo hebreu. Mas que agora somos, porque eles não o quiseram. A letra taí.cada um recebe do jeito que consegue. Parabéns Pequeno Príncipe.
ResponderExcluirJô, querida, está no próprio Evangelho, nas palavras de Jesus, a notícia dessa transferência, confirmada depois por Humberto de Campos em "Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho". Oxalá saibamos cuidar muito bem dessa herança ou ela irá necessariamente para outras mãos mais responsáveis!
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