Francisco Muniz -
Vem do terceiro versículo do capítulo 17 do Evangelho de
Mateus o tema de nossos comentários neste dia 17 de março, em prosseguimento do
estudo de algumas passagens do Novo Testamento. Colocado sob a epígrafe “A
transfiguração”, o texto, copiado da Bíblia de Jerusalém, exige que voltemos a falar
da mediunidade, sempre com o auxílio da interpretação espírita. Ei-lo:
“E eis que lhes apareceram Moisés e Elias conversando com
ele.”
Evidentemente, o episódio da transfiguração de Jesus no alto
do monte Tabor (*) fora relatado a Mateus por uma das três testemunhas – Pedro,
João e Tiago – após o Mestre ter pedido a estes que só o referissem depois de
sua ressurreição (Mateus 17:9). O fato ganha significado por ter acontecido
seis dias após o primeiro anúncio da paixão, quando o Senhor fez seus
discípulos saberem ser necessário ir a Jerusalém “e sofresse muito por parte
dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e dos escribas” (Mateus 16:21), sendo
então morto para ressurgir três dias depois. E é justamente isto que importa destacar
aqui: a possibilidade de os “mortos” ressurgirem e aparecerem aos “vivos”, como
os olhos dos três apóstolos citados puderam contemplar Elias e Moisés diante do
Cristo transfigurado, isto é, mostrando-se tal qual era em sua roupagem
perispiritual.
Aprendemos com Allan Kardec que o perispírito – aquele “corpo
espiritual” citado por Paulo de Tarso – é a sede de todos os fenômenos
espirituais observados na realidade objetiva, atestando a capacidade de os
Espíritos agirem sobre o elemento material, sensibilizando os homens graças a
um sentido especial que o Codificador batizou de mediunidade, presente em todos
os filhos de Deus “em maior ou menor grau” (**). Nisto está toda uma ciência passível
de ser aprendida por quantos se interessem – e isto é mesmo uma necessidade
geral – em compreender o grande problema da sobrevivência da alma à morte física,
posto ser ela imortal. Entretanto, em virtude de estarem numa dimensão onde a
frequência vibratória é oposta à da realidade material, sendo invisível aos
olhos mortais, os Espíritos só podem ser notados em curtíssimos espectros de
ondas vibratórias, captadas, por sua vez, pelos detentores dessa faculdade
mediúnica.
As aparições, conforme Kardec salienta em O Livro dos Médiuns,
são um gênero das manifestações físicas que afetam especificamente a visão dos médiuns,
desde que o Espírito queira se fazer ver. A verdade é que a dimensão espiritual
é paralela à nossa, dita objetiva por ferir, ou impactar, nossos cinco sentidos
físicos – daí ser a mediunidade considerada o sexto sentido capaz de devassar a
barreira da invisibilidade dos Espíritos. Segundo o que o Espírito André Luiz ditou
a Chico Xavier, a maior “antena” psíquica que o mundo já conheceu, os Espíritos
se acotovelam conosco, os pretensos “vivos”, em sua azáfama própria, influenciando-nos
e sendo influenciados por nossos pensamentos. Muitas vezes, essas influências
nos prejudicam enormemente, pois nossa inferioridade moral atrai muitos
Espíritos malévolos, razão pela qual Jesus ensina a nos resguardamos na oração
e vigilância de nossas emissões mentais. Tal é a gênese das obsessões
espirituais, nascidas sempre de uma auto obsessão, de acordo com André Luiz.
Notas
(*) Embora Mateus informe se tratar de “uma alta montanha”,
o Monte Tabor é na verdade uma alta colina da Galileia, na secção leste do vale
de Jizreel, 17 km a oeste do Mar da Galileia, com o topo à cota de 575 metros
acima do nível do mar, segundo a Wikipedia.
(**) Ver O Livro dos Médiuns.
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