Esta data no Evangelho (14 de março)

Francisco Muniz -


(O Discóbolo, imagem representativa do atletismo.)


“O verdadeiro caminho da salvação cristã”. Esta é a epígrafe que abre o capítulo 3 da Epístola de Paulo aos Filipenses, de cujo miolo tiramos o versículo 14 para os comentários que faremos hoje, dia 14 de março, no âmbito de nosso estudo de algumas passagens do Novo Testamento. O texto, abordado sob a luz da Doutrina Espírita e recolhido da Bíblia de Jerusalém, é o seguinte:

“(...) prossigo para o alvo, para o prêmio da vocação do alto, que vem de Deus em Cristo Jesus.”

Como é necessário explicar o que se esconde nas reticências, dizemos que, desde o primeiro versículo desse capítulo de sua Carta, Paulo se regozija de haver encontrado o Cristo e nele se abandonado, havendo perdido tudo que aos olhos do mundo era lucro para lucrar muito mais na possibilidade de conhecer o Filho de Deus e o poder de sua ressurreição. Assim, o Apóstolo dos Gentios declara que tudo quanto fazia era “para ver se alcanço a ressurreição de entre os mortos”, uma vez que já fora alcançado pelo Cristo: “Irmãos, eu não julgo que eu mesmo o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me do que fica para trás e avançando para o que está diante (...)” – e então Paulo prossegue para o alvo escolhido que lhe foi imposto pela vocação e abraçado pela fé.

Guardadas as devidas proporções, é o que também acontece conosco, com muitos de nós, senão todos, porquanto descemos à “face escura do planeta”, como preferem dizer os Espíritos, para dar prosseguimento à mesmíssima vocação paulina, isto é, seguirmos para Deus, tendo dele recebido o impulso da fé, dinamizada agora pelo Cristo, criador e governador da Terra. Não importa, portanto, que nem todos sejamos cristãos, quer dizer, é irrelevante nossa vinculação a esta ou aquela corrente religiosa, porque o que se nos exige é o cumprimento da vontade, ou lei, de Deus, no sentido de nos amarmos uns aos outros, ou seja, fazermo-nos mutuamente todo o bem ao nosso alcance – tal nos ensina o Evangelho e, a rigor, todos os livros sagrados da Humanidade.

Paulo destaca que sua vocação tem o valor e o significado de um prêmio e aqui vemos esta palavra ser usada como metáfora do resultado máximo do empreendimento a que a criatura se dedica para obtenção do que lhe seja muito, mas muito importante, como um troféu cobiçado pelo atleta que se esforça para superar seus limites. E Paulo de Tarso, no que lhe competia realizar, foi um verdadeiro atleta, como ele próprio se definiu numa das cartas que dirigiu aos fiéis da Igreja de Corinto (*). Aos atletas, portanto, além da disposição física resultante dos exercícios a que se submetem, importa cumprirem as disciplinas que condicionam corpo e mente (“mens sana, corpore sano”, conforme o aforisma de Juvenal, poeta romano) e são a própria essência daqueles exercícios.

De igual maneira se processa a vocação para Deus que, reafirmamos, pouco tem relação com a vida monástica sob o impositivo da religião, mas com a identificação energética da criatura com seu Criador, manifestada pela vibração espiritual a depender da frequência estabelecida. No livro Renúncia (**), Emmanuel cita o caso exemplar do padre Carlos, que, para atender a um capricho materno, confundiu vocação espiritual com a vocação religiosa conforme a Teologia católica e desperdiçou a grande oportunidade de redenção que lhe fora concedida naquela existência.

Notas

(*) “Faço tudo isso por causa do Evangelho, a fim de me tornar coparticipante dele. Um verdadeiro atleta de Cristo.” (1Coríntios 9:23) 

(**) Psicografia de Francisco Cândido Xavier; ed. FEB. 

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