Francisco Muniz //
“Humildade e caridade na comunidade” é a epígrafe do versículo
3 do capítulo 12 da Epístola de Paulo aos Romanos, o qual se apresenta para
nossos comentários neste dia 12 de março. Como é notório, este trabalho resulta
e dá sequência ao estudo de algumas passagens do Novo Testamento, o que fazemos
com base na Codificação espírita e em obras correlatas. Vamos, então, tentar analisar
o texto do versículo copiado da Bíblia de Jerusalém:
“Em virtude da graça que me foi concedida, eu peço a cada
um de vós que não tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que convém, mas
uma justa estima, ditada pela sabedoria, de acordo com a medida da fé que Deus
dispensou a cada um."
Paulo tinha autoridade moral para pedir o comedimento dos
fiéis de Roma, apelando para a prática mais amiúde da caridade e da humildade,
porquanto foi ele que se fez pequeno para ganhar os pequenos (*), fazendo-se
maior a cada vez que provava junto aos homens seu grande amor pelo Cristo e sua
causa. A ele, a graça concedida foi a própria revelação do Cristo no caminho de
Damasco, seguida de seu despertamento para a Realidade da vida depois de
meditar durante seis anos estudando os escritos de Mateus, conforme salienta
Emmanuel em seu livro Paulo e Estêvão (ed. FEB), ditado à psicografia de
Chico Xavier.
O pensamento paulino, traduzido no versículo que ora
estudamos, remonta ao convite de Jesus para que aprendamos com ele, que é “manso
e humilde de coração”. Os humildes, ou seja, aqueles que não estejam dominados
pelo orgulho e assim não se sentem donos de verdade alguma, afeiçoam-se melhor
e mais depressa às propostas revolucionárias do Evangelho, permitindo-se
transformar à força das lições suaves e doces do meigo Rabi da Galileia. Até os
dias de hoje seu chamado ecoa nos refolhos de nossas almas cansadas e aflitas e
somente aqueles de nós que temos força suficiente para vencer o domínio do ego
buscamos o alívio que o Mestre nos promete há mais de dois mil anos.
Paulo sugere que tenhamos de nós mesmos “uma justa estima”, ou
seja, que não nos vejamos mais do que efetivamente somos – e para que tenhamos
essa medida é preciso conquistarmos alguma sabedoria mediante o quantum de fé
que sejamos capazes de manifestar. Claro está, portanto, que só adquirimos
sabedoria a partir de nosso reconhecimento em Deus e esse caminho se faz através
do Cristo Jesus: “Eu sou o caminho da verdade e da vida” (**). Fora dessa via,
tudo quanto podemos obter são conhecimentos, informações insuficientes para
oferecer respostas minimamente satisfatórias sobre tudo que diga respeito à alma, sua
origem, natureza e destinação.
É nesse sentido que, na atualidade, o Espiritismo vem em
nosso socorro, tanto reforçando as antigas lições – de Jesus a Paulo e de Paulo
a Allan Kardec – aumentando em muito nossa capacidade de reflexão e
discernimento, enquanto ajuda-nos a desenvolver as potências do sentimento,
principalmente nos quesitos da caridade e da humildade. Para tanto, precisamos
ter plena noção de nossos dois principais defeitos, o orgulho e o egoísmo, que
obstam o progresso moral no seio da Humanidade. Desse modo entendemos por que a
Irmã Bernadete, dirigente do Centro Espírita Deus, Luz e Verdade, em Salvador,
recomenda aos médiuns trabalhadores que não nos consideremos “sabichões”,
porquanto nosso pretenso saber “é bem estreito nos horizontes do mundo” (***)...
Notas
(*) Ver o versículo 22 do capítulo 9 da Primeira Epístola
aos Coríntios.
(**) Carlos Torres Pastorino, autor de Sabedoria do Evangelho, prefere essa forma.
(***) Palavras de Jesus ao senador Públio Lentulus, conforme o romance Há 2.000 Anos, de Emmanuel, por Chico Xavier.
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