Francisco Muniz //
Sob a epígrafe “Entre irmãos”, o versículo 10 do terceiro
capítulo da Primeira Epístola de Pedro oferece-nos o assunto dos comentários
que faremos hoje, dia 10 de março, prosseguindo nosso estudo de temas do Novo
Testamento. Assim, aberta a Bíblia de Jerusalém no ponto em questão,
vamos ao texto selecionado, no qual o apóstolo cita versos do Salmo 34:
“Com efeito, aquele que ama a vida e deseja ver dias
felizes, guarde a sua língua do mal e os seus lábios de proferir mentiras (...)”
A continuação do salmo, como indicam as reticências entre
parênteses, está nos dois próximos versículos: “(...) afaste-se do mal e
pratique o bem, busque a paz e siga-a; porque os olhos do Senhor estão sobre os
justos e os seus ouvidos estão atentos à sua prece, mas o rosto do Senhor se
volta contra os que praticam o mal”. O conselho de Pedro, considerando a epígrafe,
é dado em razão do comportamento em grupo, em comunidade, quando devemos
manifestar atitudes decorrentes do compromisso estabelecido com a própria
consciência e baseado nos valores ético-morais da doutrina cristã.
Esse comportamento é facilitado ao nos conscientizarmos de
que não estamos sozinhos um só instante, uma vez que os “olhos e ouvidos” do
Senhor são nossas companhias invisíveis, os Espíritos que em nome de Deus nos
auxiliam ou os que simplesmente tencionam atrapalhar nossa caminhada. O Cristo
nos recomendou orarmos e vigiarmos constantemente para não cairmos em tentação,
de modo que assim procedendo, analisando o quanto possível a natureza de nossos
pensamentos e emoções e, mais ainda, colocarmo-nos favoravelmente à assistência
do Alto, estaremos suficientemente protegidos das insinuações do mal e
conseguiremos praticar o bem sem muitos sobressaltos.
O Pescador, em sua Carta, pede-nos que guardemos nossa
língua do mal e os lábios da possibilidade de proferirmos mentiras e mais uma
vez devemos considerar a importância das palavras para as relações, digamos,
sustentáveis, a fim de não experimentarmos tantos conflitos junto aos irmãos de
caminhada. A lição do Evangelho diz que precisamos nos ajudar para que
recebamos o auxílio da Providência Divina (*) – ajudamo-nos mantendo atitudes
responsáveis perante a vida, colaborando estreitamente nas obras do bem na
Terra, onde quer que estejamos. Somente assim nossos pedidos aos Céus poderão
ser mais eficientemente atendidos, suavizando a dureza dos testes
enfrentadas neste mundo de provas e expiação.
Ou seja: é e deve ser sempre nossa toda iniciativa no
sentido de adequarmos nossa vida ao desejo de experimentarmos dias felizes,
porquanto o Criador nos oferece sempre a oportunidade e os recursos
indispensáveis à conquista dos objetivos grandiosos a que nos propomos. Para
tanto, precisamos trilhar a estrada reta que leva à porta estreita das alegrias
que o Cristo promete nas Bem-aventuranças, superando os obstáculos que nós
mesmos colocamos no caminho, no esforço de autotransformação moral e
espiritual, e resignando-nos ante o cálice de amarguras que por vezes temos de
sorver, a bem de nós mesmos.
Assim é que, conforme devemos compreender, amamos
verdadeiramente a vida, em vez de a ela sermos indiferentes, deixando-nos levar
pelas ondas dos acontecimentos enquanto desperdiçamos as oportunidades na
dissipação, acreditando, equivocadamente, que “é a vontade de Deus”. A vontade
de Deus, de acordo com as lições de Jesus, é nos amarmos uns aos outros, isto
é: a nós mesmos e aos demais; amar-se é cuidar tanto do corpo quanto da alma,
ao passo que amar ao próximo é fazer por ele tudo quanto Deus faz por todos os
seus filhos. E todos – a Humanidade inteira! – somos os filhos bem-amados da
Divindade, que se derrama de compaixão pelos infelizes transviados, atraindo-os
amorosamente para o caminho que o Cristo aponta desde mais de dois anos
atrás...
(*) Conforme Mateus 7:7 a 11.
Adorei. Mais uma fonte de amor a se espalhar nesse mundo de expiações e provas.
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