Questão de bom senso

Francisco Muniz // 




Allan Kardec, o bom senso encarnado, nos ensina que não se deve publicar tudo quanto nos seja ditado pelos espíritos. A razão para tal recomendação é que tais ditados servem inicialmente à instrução do médium que os recebe, necessitado de corrigir várias arestas morais, dentre as quais encontra-se o personalismo, filho da vaidade e do orgulho.
Se a ponderação do Codificador fosse tomada à risca e devidamente meditada por uma imensa legião de "médiuns psicógrafos", certamente não veríamos tão grande invasão de livros "mediúnicos" nas livrarias, no movimento espírita. Mas por que será que os Espíritos sérios permitem essa proliferação de obras que depõem contra o que de mais belo tem a Doutrina Espírita, que é sua pureza, revivendo em nós a beleza do Cristianismo primitivo?
Acontece que esse é o papel dos aprendizes do Espiritismo, cujo dever é estudar, estudar e estudar, desenvolvendo o senso crítico - a consciência! - para então conseguirem discernir entre o gato e a lebre. Com isso se poderia pôr em prática outras recomendações do Codificador e dos Espíritos autores da Codificação, como a Erasto, para quem é melhor recusar nove verdades a aceitar uma só mentira vinda "do lado de lá".
Afinal de contas, será que precisamos tanto assim de tantos livros pretensamente doutrinários e dessa infinidade de romances que nada acrescentam à compreensão do Espiritismo nem ajudam no imprescindível processo de reforma íntima pelo autoconhecimento?

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