Francisco Muniz //
Hoje, dia 5 de fevereiro, temos o versículo 2 do capítulo 5 da
Primeira Epístola de Paulo a Timóteo, colocados sob a epígrafe “Os fiéis em
geral”, trazendo recomendações importantes do Apóstolo dos Gentios para todos
nós, na atualidade. Nossos comentários, prosseguindo o estudo de temas do Novo
Testamento, são feitos sob a luz da Doutrina Espírita e contam com o subsídio
da Bíblia de Jerusalém, de onde copiamos os textos abordados. Eis o desta data,
por sinal “quebrado”:
“(...) às senhoras, como a mães; às moças, como a irmãs,
com toda pureza.”
Como é de nosso dever, revelemos o que se esconde nas
reticências entre os parênteses, para o que precisamos conhecer o teor do
primeiro versículo: “Não repreendas duramente um ancião, mas admoesta-o como a
um pai; aos jovens, como a irmãos (...)”. Timóteo era como um filho no conceito
de Paulo, que aqui recomenda-lhe um comportamento cortês para com todos,
porquanto – diria mais tarde o Profeta Gentileza (*) no Rio de Janeiro –
gentileza gera gentileza. As boas maneiras, portanto, são identificadoras do
homem instruído sob os princípios cristãos da boa educação moral, na base da
regra de ouro proposta pelo Mestre nazareno: “O que você quer para si mesmo
faça primeiramente ao próximo” (Mateus 7:12).
Relacionarmo-nos bem com os outros não é sempre muito fácil,
mas o conselho do apóstolo Paulo a Timóteo indica que a iniciativa nesse
sentido deve ser sempre nossa, procurando agir junto às pessoas como se elas –
todas elas – fossem (pois são!) nossa própria família. A esse respeito,
precisamos assimilar e vivenciar o ensinamento de Jesus acerca de nossa
participação na grande família humana, ou espiritual, conforme sua proclamação
na casa de Pedro, em Cafarnaum: “Eis, disse, minha mãe e meus irmãos, porque
todo aquele que faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe”
(Mateus 12:46-50).
Paulo reforça seu conselho afirmando que o bom tratamento
deve ser ministrado “com toda pureza”, ou seja, sem qualquer interesse pessoal,
motivado apenas pelo desejo de fazer o bem, o que nos leva a preciosas
considerações evangélico-espíritas, recordando o que Allan Kardec grafou nos
capítulos VIII (Bem-aventurados os puros de coração) e IX (Bem-aventurados os
brandos e pacíficos) de O Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE). A
pureza de coração é própria das almas cordatas, ao passo que os brandos e pacíficos
são sobretudo pacientes, podendo se manifestarem afáveis e doces, tornando
saborosa a aventura do inter-relacionamento pessoal.
É o Espírito Lázaro, por quem devotamos grande admiração,
que assina a mensagem intitulada “A afabilidade e a doçura”, no item 6 das
Instruções dos Espíritos do citado capítulo IX da terceira obra da Codificação,
pedindo-nos que ajamos sempre com benevolência (boa vontade) para com os
semelhantes, porque “o mundo está cheio dessas pessoas que têm o sorriso nos
lábios e o veneno no coração; que são brandas, contanto que nada as
machuque, mas que mordem à menor contrariedade; cuja língua dourada, quando
falam face a face, transmuda-se em dardo envenenado quando estão por detrás”.
No entanto, o Cristo nos ensinou que seja nosso falar “sim,
sim e não, não”, isto é, que sejamos sempre honestos e sinceros no trato com os
demais, policiando constantemente nossos pensamentos e emoções porque são eles
a fonte de nossas palavras, posto que “a boca fala do que está cheio o coração”
(Mateus 12:34). A “constituição do homem de bem” (assim se expressa o escritor espírita
baiano Adilton Pugliese) elaborada por Kardec no Cap. XVII do ESE (item 3) tem
apenas 16 artigos e num deles o Codificador diz que esse homem “é bom, humano e
benevolente para com todos, sem preferência de raças nem de crenças, porque vê
irmãos em todos os homens”. Tal é o caminho que somos chamados a trilhar.
(*) José Datrino (1917-1996), mais conhecido como
Profeta Gentileza, foi um pregador urbano brasileiro que se tornou conhecido
por fazer inscrições peculiares nas pilastras do Viaduto do Gasômetro, no Rio
de Janeiro, e se tornou uma espécie de personalidade daquela cidade.
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