Francisco Muniz //
No Evangelho de Mateus, o segundo versículo do capítulo 28,
correspondentes a esta data de 28 de fevereiro, chega-nos sob a epígrafe “O
túmulo vazio. A mensagem do Anjo”, cujo teor nos propomos comentar,
prosseguindo nosso estudo de temas do Novo Testamento. Assim, vamos ao texto lido
na Bíblia de Jerusalém:
“E eis que houve um grande terremoto: pois o Anjo do
Senhor, descendo do céu e aproximando-se, removeu a pedra e sentou-se sobre
ela.”
Pelo que se depreende do relato do antigo cobrador de
impostos Levi, nome hebraico de Mateus, que é uma palavra grega, fenômenos
telúricos (*) foram observados tanto no dia da morte de Jesus quanto na manhã
da ressurreição. Vale salientar que foram as mulheres as testemunhas do
episódio, especialmente Maria de Magdala, que posteriormente o narraram aos
homens participantes do Colégio Apostolar – os onze remanescentes, uma vez considerada
a defecção de Judas. De acordo com os estudiosos dos Evangelhos, os exegetas,
tais registros só se fizeram mais de 50 anos depois daquelas ocorrências e
podemos ao menos imaginar que os acontecimentos foram tão impactantes que ficaram
marcados na memória de quem neles se envolveu.
Entretanto, é mister avaliar o caráter supersticioso do povo
de então, ainda bem próximo dos conceitos primitivos relativos aos fenômenos da
Natureza, de modo que a rolagem de uma pedra grande e pesada como as que
fechavam os túmulos escavados no sopé dos montes soaria como um terremoto. De
qualquer forma, o relato de Mateus indica que o abalo teria sido provocado pelo
“Anjo do Senhor” – aqui ele não é nomeado –, o Espírito destacado para avisar
às mulheres que o corpo do Cristo não mais estava ali. Ele próprio removera a
pedra que protegia o túmulo sentando-se sobre ela.
O episódio evidencia a ação dos Espíritos sobre a matéria
bruta, assim como eles podem agir também sobre os fenômenos naturais, como
quando Jesus acalmou a tempestade que assustou os apóstolos no barco de Pedro
(Marcos 4:35-41), por exemplo. Segundo o que os Imortais disseram a Allan
Kardec, trata-se de uma operação eminentemente mental, uma vez que os Espíritos
usam a mente, e não as mãos, para manipular os elementos constituintes da
matéria (**). Ou seja, eles se utilizam da própria vontade para combinar os
fluidos e assim obterem o efeito desejado. Então, sim, era possível que o Anjo
do Senhor quisesse impressionar os sentidos e a percepção das mulheres que
acorreram ao túmulo naquela manhã, produzindo o “terremoto”.
Ou seja: há e haverá sempre uma explicação racional, o que
quer dizer científica, para cada fenômeno posto à observação dos homens, tal
como nos esclarece a Doutrina Espírita, de modo que ficam afastados conceitos
como milagre, sobrenatural e maravilhoso, porquanto tudo quanto acontece
decorre da aplicação das leis naturais. Se não conhecemos tais leis e seus
mecanismos, a superstição é que ganha corpo, dominando o entendimento rasteiro,
até que se faça o aprendizado da Verdade, conforme solicitado pelo Cristo,
libertando as mentes de sua ignorância. Também em razão disso é que dizemos que
nem todo mundo precisa ser espírita, mas todos deveriam conhecer o Espiritismo,
para poderem fazer uso do discernimento, evitando comprar gato por lebre.
Notas
(*) Telúrico: relativo à terra ou ao solo.
(**) Ver o capítulo XIV de A Gênese (Allan Kardec).
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