Esta data no Evangelho (20 de fevereiro)

Francisco Muniz // 




Está sob a epígrafe “O castigo vindouro” o teor do versículo 20 do segundo capítulo da Segunda Epístola de Pedro, o qual abordaremos hoje, dia 20 de fevereiro, em prosseguimento de nosso estudo de temas do Novo Testamento. Para tanto, utilizamos a Bíblia de Jerusalém e a interpretação da Doutrina Espírita. Eis o texto:

“Com efeito, se, depois de fugir às imundícies do mundo pelo conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, de novo são seduzidos, e se deixam vencer por elas, o seu último estado se torna pior do que o primeiro.”

Pedro fala com conhecimento de causa, uma vez que ele próprio passou por essa experiência, falhando perante o Mestre até reabilitar-se, de modo que seu alerta vem para nos fazer observar como estamos caminhando em direção do grande objetivo, o encontro conosco mesmo e com a Divindade, através do trabalho de renovação íntima a que somos chamados a realizar. A Providência, como sabemos, oferece-nos tanto a oportunidade quanto os recursos para bem cumprirmos a tarefa de autoeducação voltada para nosso crescimento espiritual, trocando os muitos defeitos pelas qualidades que exornam nosso caráter e personalidade – nossa alma, adornando-a para Deus!

Na atualidade, temos a Doutrina Espírita para facilitar em muito esse trabalho de reconstrução, informando-nos, pela reencarnação, quanto ao passado de erros que agora tentamos conscientemente corrigir e também em relação às possibilidades da vida futura, acessando em nós mesmos o pretendido Reino dos Céus. Assim, o conhecimento das lições do Cristo ganha uma importância muito mais dilatada do que há duzentos anos, quando não tínhamos a interpretação mais correta acerca de muitas passagens evangélicas. No entanto, apesar desse conhecimento, ainda nos vemos em condições de falhar, voltando a delinquir, deliberadamente infringindo as leis divinas, embora julgando-nos “salvos” pelo simples fato de sermos cristãos-espíritas. A que se deve isso?

Ora, ainda há pouco comentamos aqui a questão das tentações a que estamos sujeitos num mundo de provas e expiação qual a Terra, planeta que reúne Espíritos, em sua maioria, moralmente inferiorizados, com a incumbência de despender esforços no sentido do próprio melhoramento. Nessa condição, portanto, estamos afeitos ao mal que predomina sobre nossas tendências para o bem, a ele cedendo muitas vezes, mostrando que não conseguimos de pronto assimilar os conhecimentos obtidos. Em seu livro Boa Nova (*), o Espírito Humberto de Campos comenta, referindo os preciosos diálogos entre Jesus e seus discípulos mais diretos, que o homem não é mau, apenas fraco, de forma que se deixa arrastar muito facilmente para fora do caminho reto.

As lições de Jesus, para lograrem o efeito esperado, precisam não somente serem conhecidas, o que se consegue através da leitura; devem, necessariamente, ser compreendidas, pelo esforço da mente intelectualizada, e sobretudo sentidas, pelo esforço sentimental do coração sensibilizado, permitindo assim a consequente vivência, o mais conscientemente possível. O primeiro esforço garante-nos nossa cristianização, pela assimilação dos conceitos libertadores do Evangelho, mas é primordialmente através do segundo que conseguiremos dar os passos no caminho de nossa cristificação, consolidando na própria alma as propostas revolucionárias do Cristo Cósmico, transformando-nos positivamente, um dia, em novos cristos, vendo-nos por nossa vez, como verdadeiros Filhos do Homem!   

(*) Psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.


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