Francisco Muniz //
O capítulo 2 do Evangelho de Mateus é a fonte do tema que
abordaremos nesta data, 16 de fevereiro, considerando o texto do versículo 16,
que se coloca sob a epígrafe “Fuga para o Egito e massacre dos inocentes”. Em
nosso estudo de algumas passagens do Novo Testamento utilizamos a Bíblia de
Jerusalém e a interpretação que nos garante a Doutrina Espírita. Vamos,
portanto, ao texto que nos cabe analisar:
“Então Herodes, percebendo que fora enganado pelos magos,
ficou muito irritado e mandou matar, em Belém e em todo seu território, todos
os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo de que havia se certificado
com os magos.”
Num de seus livros da série Histórias que os Espíritos
Contaram (Edições Correio Fraterno), o escritor espírita Hermínio Miranda,
que foi médium esclarecedor (ou doutrinador) durante muitos anos em sua última
encarnação, relata uma história sobre o assunto acima. Conversando com uma das
entidades comunicantes, Hermínio soube se tratar de um desses soldados de
Herodes encarregados de cumprir a ordem do soberano; no entanto, para sua
tristeza, uma das crianças mortas tinha sido justamente seu filho, o que o fez
enlouquecer de dor e encher-se de ódio não pelo rei, mas por Jesus, que em seu
desespero julgava o responsável por sua desdita.
A ação do rei Herodes – trata-se do primeiro monarca hebreu
com esse nome, cognominado “o Grande”, pai daquele outro Herodes que ao tempo
de Jesus mandou decapitar João, o batista – é exemplar ante o ensinamento do
Messias segundo o qual durante muito tempo o Reino dos Céus era tomado pelos
violentos (Mateus 11:12). O episódio revela que a vinda de Jesus a este planeta,
marcado pela inferioridade espiritual – àquela época, a Terra vivia a fase mais
tormentosa de sua condição de mundo de provas e expiação, quando a barbárie começava
a dar lugar à civilização –, desde cedo atraiu a oposição das forças das Trevas,
o que se evidencia até a atualidade.
Vivemos os dias da grande transição espiritual, ao fim da
qual a Terra terá consolidado o processo de regeneração da Humanidade e o mal
não mais preponderará entre nós, embora continue presente por mais algum tempo –
assim nos dizem os Espíritos desde o início da Terceira Revelação. Em O
Livro dos Espíritos lemos sobre a Lei de Destruição, uma das dez leis
morais elencadas por Allan Kardec que nos esclarece sobre os flagelos que vez
ou outra vêm apressar nossos passos no caminho do progresso, levando-nos a
compreender que a destruição é só aparente, porquanto nela estão os germes da
transformação que resulta em renovação e melhoramento.
Assim Deus o quer e permite, em nome da Soberana Justiça,
que determinadas atitudes do Homem se somem às ocorrências telúricas e
climáticas voltadas para o processo de saneamento do planeta, tornando compreensível
o panorama de dor que ora atravessamos em razão da pandemia do novo coronavírus.
Em sua insana e incessante busca pelo poder sobre a Natureza e os semelhantes,
e pelo prazer inconsequente em que deseja mergulhar intensamente, o Homem tudo
faz para lograr seus intentos, esquecido de que não é dono de nada e de que uma
mão realmente poderosa pode de um golpe cancelar seus planos de dominação.
Para a consolidação de sua obra de transformação do mundo, o
Cristo pede colaboradores ativos e desinteressados, conforme o Espírito Fénelon
salienta em O Evangelho Segundo o Espiritismo (*): “A cada um sua
missão, a cada um seu trabalho (...) A nova cruzada começou; apóstolos da paz
universal e não de uma guerra, São Bernardos modernos, olhai e marchai em
frente: a lei dos mundos é a lei do progresso”.
(*) Cap. I, item 10 (“A era nova”).
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