Francisco Muniz //
A Primeira Epístola de Pedro é a fonte do tema que
comentaremos hoje, dia 13 de fevereiro, no âmbito de nosso estudo de algumas
passagens do Novo Testamento, sob a inspiração da Doutrina Espírita. Desse
modo, vamos ao versículo 13 do segundo capítulo dessa carta, que, colocado sob
a epígrafe “Para com as autoridades”, traz-nos o texto abaixo, tirado da Bíblia
de Jerusalém:
“Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do
Senhor, seja ao rei, como soberano (...)”
As reticências indicam a incompletude do texto e, para que
tenhamos o perfeito entendimento do pensamento do apóstolo, conheçamos sua
continuação nos dois versículos seguintes: “(...) seja aos governadores, como
enviados seus para a punição dos malfeitores e para o louvor dos que fazem o
bem, pois esta é a vontade de Deus que, fazendo o bem, tapeis a boca à
ignorância dos insensatos”. O pensamento de Pedro, pois, é análogo àquele
expresso por Jesus, segundo o qual devemos dar “a César o que é de César e a
Deus o que é de Deus” (Mateus 22:15-21), ou seja, enquanto estivermos no mundo,
como Espíritos encarnados, devemos cumprir as tarefas mundanas afeitas a esta condição,
prestando vassalagem às normas e regulamentos do lugar onde estamos, sem nos
esquecermos de nossa essência espiritual, toda ela divina.
É da vontade de Deus que, no mundo, isto é, presos
momentaneamente à condição material, aprendamos a despertar para a realidade do
Espírito imortal, vivenciando o máximo que pudermos as dimensões mais elevadas,
até conseguirmos romper as amarras dessa prisão. Para tanto, é necessário
sabermos obedecer às autoridades e suas determinações voltadas para o bem-estar
coletivo e para o equilíbrio das relações, uma vez que, aprendendo a cumprir as
leis humanas, saberemos compreender a necessidade de nos sujeitarmos às
imposições da legislação divina, que facilmente infringimos. Questionando os
Espíritos, Allan Kardec quis saber onde Deus inscreveu suas leis sábias e
perfeitas e recebeu, em troca, a informação de que elas se encontram na
consciência do homem. Isso quer dizer, então, que, se muito erramos, é porque
pouco examinamos a consciência, meditando antes de tomarmos as decisões que
dizem respeito ao bem que devemos fazer constantemente.
As instituições humanas, vale convir, são resultado do
aprendizado dos homens que as criaram, de modo que são tão imperfeitas quanto
qualquer um de nós, podendo se aperfeiçoarem à medida que nos moralizemos.
Nossa civilização tecnológica ainda se ressente de nossa pouca moralidade,
permitindo que o mal campeie em meio às iniciativas do bem. A esse respeito,
Kardec diz (*) que caminhamos para a instituição de uma civilização moral sobre
a Terra, sendo essa a grande tarefa dos Espíritos comprometidos com o Cristo, em
decorrência do bom entendimento das palavras de Jesus relativas à vida futura: “Meu
reino não é deste mundo”.
O principal objetivo do Espiritismo, conforme expresso nas
páginas de O Livro dos Espíritos, é a transformação moral de toda a
Humanidade, de modo que transformando-se, isto é, melhorando-se, os homens
melhorarão suas instituições. O Homem é, portanto, o grande objeto da solicitude
do Senhor dos Mundos, que lhe envia os meios de progredir, sendo a vida futura
seu fanal. É ainda o Codificador quem salienta (**): “O Espiritismo expande o
pensamento e lhe abre novos horizontes, em lugar dessa visão estreita e
mesquinha que o concentra sobre a vida presente, que faz do instante que passa
sobre a Terra a única e frágil base do futuro eterno, ele mostra que essa vida
não é senão um elo no conjunto harmonioso e grandioso da obra do Criador (...)”
Notas
(*) Ver O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. II,
item 5 (“O ponto de vista”).
(**) Idem; ibidem.
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