Francisco Muniz //
Chegado o dia 11 de fevereiro – hoje! –, a Bíblia de
Jerusalém nos apresenta o versículo 2 do capítulo 11 da Segunda Epístola de
Paulo aos Coríntios para os comentários que faremos, prosseguindo nosso estudo
de temas do Novo Testamento sob a inspiração da Doutrina Espírita. O texto, bastante
reflexivo, diz o seguinte:
“Experimento por vós um zelo semelhante ao de Deus.
Desposei-vos a um esposo único, a Cristo, a quem devo apresentar-vos como
virgem pura.”
À semelhança do Patriarca Abraão, que com justiça é chamado
de “pai” pelo Lázaro da parábola contada por Jesus (Lucas 16:19-31), Paulo
manifesta sua grande compaixão pelos gentios, aos quais costumeiramente tratava
carinhosamente por “filhinhos”. É desse modo carinhoso que Deus, o Todo-Compassivo,
derrama suas bênçãos sobre todos nós, seus filhos bem-amados. E toda essa
solicitude se dá no sentido de preparar-nos para o matrimônio com o Cristo, uma
vez que somos a noiva que na Parábola do Festim de Bodas vai se unir ao filho
do rei que é o próprio Deus, o Pai de amor e bondade que nos chama a todo
instante para seu reino de paz e concórdia pelo simples cumprimento de suas
leis eminentemente educativas.
Nesse versículo, Paulo se apresenta como ministro na
celebração desse casamento e, mais que isto, como responsável pela construção e
manutenção de nossa condição virtuosa, para fazer valer nossa perfeita união
com o Cristo. É desse modo que compreendemos várias passagens do ensinamento de
Jesus, como quando o Mestre nos diz ser um com o Pai (João 10:30) e nos convida
a unirmo-nos a ele próprio como única maneira de nos integrarmos à dimensão
divina: “Eu sou o caminho da verdade e da vida [Pastorino (*) prefere esta
forma], ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6).
Vale atentar para a expressão paulina referente à unicidade
do esposo, fazendo-nos considerar que o Cristo não é, ao contrário do que se
observa no panorama religioso do mundo, mais uma alternativa para a caminhada
do homem em direção a Deus. Conforme apregoou o próprio Messias, ele é o
caminho, de modo que todas as outras experiências religiosas do homem são
atalhos na busca do objetivo final; afinal, como já foi dito, “ninguém vem ao
Pai senão por mim”. É certo que todas as tentativas infrutíferas terminam por
cansar o homem que não sabe por onde ir, sendo então que, para aliviar seu
cansaço e trazer luzes novas a seu entendimento, o Cristo se lhe apresenta com
a melhor das propostas: “Eu vos farei pescadores de homens” (Mateus 4:19).
Foi nessa condição, de pescador de homens (ou almas), que o
Apóstolo dos Gentios se revelou aos coríntios como aos gálatas, aos tessalonicenses,
aos romanos... apascentando as ovelhas desgarradas e conduzindo-as ao aprisco
do Divino Pastor, assim como Jesus pedira a Simão Pedro. Após eles, é nossa
atribuição, como discípulos esclarecidos pelo Espiritismo, repetirmos esses
exemplos, inspirando cada vez mais buscadores da Verdade a seguirem o caminho
que leva ao Reino de Deus. Mas para que sejamos bons condutores e consigamos
inspirar condutas virginais e puras, é imprescindível que nos purifiquemos, por
nossa vez, adotando uma postura verdadeiramente cristã.
A tal respeito, vale recordarmos a recomendação do mesmo
Paulo, apóstolo, nas páginas de O Evangelho Segundo o Espiritismo,
afirmando que o verdadeiro espírita e o verdadeiro cristão são uma e a mesma
pessoa (**) de modo que o verdadeiro espírita é reconhecido, diz Allan Kardec
(***) “pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para domar suas
más inclinações”.
Notas
(*) Carlos Torres Pastorino, autor da obra Sabedoria do
Evangelho, em oito volumes (ed. Sabedoria, RJ).
(**) Cap. XV, item 10 (“Fora da caridade não há salvação”).
(***) Cap. XVII, item 4 (“Os bons espíritas”).
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