Morrer ou desencarnar

Francisco Muniz // 




Os espíritas dizemos haver uma diferença muito acentuada entre morrer e desencarnar. Em tese, dá tudo na mesma se o ponto de vista é daqui para lá, mas analisando a coisa de um ponto mais alto, isto é, pela ótica do espírito imortal - de lá para cá, portanto -, a situação muda de figura.
Desse modo, conceitualmente, morrer é o que todo mundo diz: esticar as canelas; abotoar o paletó de madeira; passar para o andar de cima ("tomar o elevador", como se lê no blog Música no Elevador eventualmente); ir ver Jesus; atender ao chamado de Deus; voltar para casa; bater as botas...
Mas quanto a desencarnar, somente uma das expressões populares pode ser adequada: passar desta para melhor. Porque, dizemos, se muitos morrem, poucos desencarnam efetivamente, ficando por aqui ainda, dando trabalho e atrapalhando os "vivos".
Sendo assim, vem bem a calhar neste início de ano a lembrança de um antigo sucesso de Belchior, "Sujeito de sorte" ("Ano passado eu morri, mas este ano eu não morro..."), em que o compositor cearense parece refletir o pensamento de que, com o aprendizado da Vida, já não é mais possível continuar indiferente às sábias leis, sendo imperioso despertar do longo sono em que muitos ainda se encontram.

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