Francisco Muniz //
Da Segunda Epístola de Paulo a Timóteo retiramos o material
de nossos comentários neste dia 6 de janeiro, prosseguindo o estudo de temas do
Novo Testamento. Assim, a Bíblia de Jerusalém nos oferece o versículo 6
do primeiro capítulo, sob a epígrafe “As graças recebidas por Timóteo”, a quem
o Apóstolo dos Gentios trata como “meu filho amado”:
“Por este motivo, eu te exorto a reavivar o dom de Deus
que há em ti pela imposição das minhas mãos.”
Deixemos à parte o motivo de Paulo e cuidemos de observar o
que de fato julgamos importante nesse verso, nas duas lições que ele nos
apresenta: a primeira é o fato de que há em todos nós esse “dom de Deus”
referido pelo apóstolo, significando a mediunidade, a possibilidade de
entrarmos em contato mais direto com o mundo espiritual e nos fazermos intérpretes
das mensagens que ocasionalmente os Emissários divinos enviam aos homens. A
segunda lição diz respeito à capacidade que algumas pessoas têm de ativar ou
fazer eclodir a faculdade mediúnica de outrem, bastando, para isso, magnetizá-las,
seja impondo-lhe as mãos ou simplesmente através de uma ordem verbal, manifestando
vontade enérgica.
Vemos, aí, a importância do passe, que vem a ser a
utilização do magnetismo com finalidades específicas, sejam elas terapêuticas,
como Jesus fazia, ou dinamizadoras do componente mediúnico, liberando naturais
bloqueios para permitir o intercâmbio espiritual. Trata-se, o magnetismo, de
uma ciência muito antiga que o austríaco Franz Anton Mesmer resgatou, no século
XVIII, com fins curativos, tornando sua técnica conhecida na Europa com o nome
de Mesmerismo. Consta, na biografia de Allan Kardec, que o Codificador do
Espiritismo também fora magnetizador, seguindo os passos de Mesmer, e nessa
condição pôde muito contribuir para os estudos acerca da mediunidade.
A exortação de Paulo a Timóteo é um indicativo de que este certamente
deixara de atuar como médium, ou seja, evitava o intercâmbio com os Espíritos,
sendo necessário reavivar esse dom, para o sucesso da tarefa abraçada. A
mediunidade, ensina-nos Allan Kardec, é uma concessão divina para apressarmos nosso
progresso espiritual, de modo que não só deve ser utilizada como,
principalmente, ser muito bem usada, o que significa atender à recomendação do
Cristo nesse sentido, dando de graça o que de graça se recebeu (Mateus 10:8). É
pela caridade que garantimos nosso adiantamento espiritual, conforme o exemplo
de Jesus, que nada exigia em troca dos benefícios que proporcionava, e as orientações
observadas em O Livro dos Médiuns.
O aprendiz do Espiritismo que já consegue ver a si mesmo como um instrumento da Espiritualidade para a disseminação das obras benemerentes que a Providência realiza na Terra, em favor de toda a Humanidade, já está a meio caminho de tornar-se um servidor fiel de Jesus, moralizando-se enquanto se evangeliza. Ainda há muito a se fazer, mas começamos fazendo o pouco que nos compete, atuando junto aos emissários de Deus e do Cristo na execução da missão confiada aos apóstolos no passado: “(...) Proclamai que o Reino dos Céus está próximo. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios (...) Não leveis ouro, nem prata, nem cobre nos vossos cintos, nem alforje para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado, pois o operário é digno do seu sustento” (Mateus 10:7-10).
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