Francisco Muniz //
O Prólogo dos Atos dos Apóstolos é também a epígrafe do
primeiro capítulo desse livro-reportagem do evangelista Lucas que, ao mesmo
tempo em que relata as atividades dos seguidores de Jesus de Nazaré, atesta a
veracidade dos eventos relacionados à vida e à missão do Cristo. Dito isto,
comentaremos hoje, dia 5 de janeiro, o versículo 5 desse prólogo, que a Bíblia
de Jerusalém narra assim, de forma “quebrada”:
“(...) pois João batizou com água, mas vós sereis
batizados com o Espírito Santo dentro de poucos dias.”
Como é praxe, vamos, primeiro, “consertar” a “quebra” do
texto, revelando o que dizem os versículos 3 e 4, pois que consequentes: “Ainda
a eles apresentou-se vivo depois de sua paixão, com muitas provas
incontestáveis: durante quarenta dias apareceu-lhes e lhes falou do que
concerne o Reino de Deus. Então, no decurso de uma refeição com eles,
ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que aguardassem a promessa
do Pai, ‘a qual, disse ele, ouvistes de minha boca’ (...)”.
Está claro, Lucas refere os últimos momentos do Cristo ressurreto
junto a seus apóstolos, dando-lhes as últimas recomendações, principalmente a
respeito da “promessa do Pai”, consistindo na disseminação das faculdades
mediúnicas: “Nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito
sobre todos os povos, os seus filhos e as suas filhas profetizarão, os jovens
terão visões, os velhos terão sonhos. Sobre os meus servos e as minhas
servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão” (Atos 2:17-18),
repetindo e confirmando a predição do profeta Joel (2:28).
Antes que se eleve aos Céus, Jesus pede, pois, que seus
discípulos fiquem na “Cidade da Paz” porque ali, dentro de pouco tempo, haveria
o cumprimento da divina promessa, concretizada nos eventos que ficaram
conhecidos como “o dia de Pentecostes”. Foi quando se deu, efetivamente, o “batismo
com o Espírito Santo”, isto é, a eclosão da mediunidade em todos quantos participavam
daquela reunião; e muitos puderam “ver” as “línguas de fogo” cair sobre eles
que, então, em pleno intercâmbio espiritual, deixavam-se utilizar, instrumentos
que eram, pelos divinos Emissários, chegando ao ponto de causar admiração nos
estrangeiros, pois seus idiomas também eram pronunciados ali.
O Pentecostes inaugurava a retomada do exercício mediúnico,
do contato direto e efetivo com o mundo espiritual, interrompido desde que
Moisés o proibira, devido aos abusos então verificados. Tempos mais tarde, na
Idade Média, a Igreja Romana também proibiria esse intercâmbio, mas com o intuito
de torná-lo exclusividade de seus pares, acusando de bruxaria aqueles do povo
que se revelassem médiuns – e muitos foram perseguidos e mortos nas fogueiras
da Inquisição apenas porque tinham suas antenas psíquicas em funcionamento, a
exemplo de Joana D’Arc, a “virgem de Orleans”, e dos cátaros (*), também na França, contra os quais Roma moveu uma Cruzada somente porque praticavam o Cristianismo com a pureza da doutrina de Jesus...
Na atualidade, respiramos novos ares, desde que, com a Revelação espírita, a mediunidade foi desmistificada e vemos, assim, as promessas do Céu serem cumpridas entre todos os povos da Terra, porquanto disse o Mestre, um dia, que “nada há de oculto que não venha a ser revelado, e nada em segredo que não seja trazido à luz do dia” (Marcos 4:22). Hoje, portanto, os médiuns que necessitam de esclarecimento já não ficam ao sabor da maré e as casas espíritas sérias podem instruí-los acerca do bom exercício de suas faculdades, graças às orientações de Allan Kardec, que preconizam o uso responsável da mediunidade com Jesus, fazendo-a servir à caridade, incondicionalmente.
(*) Ver, a respeito, o livro Os Cátaros e a Heresia Católica, de Herminio Miranda (Ed. Lachâtre).
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