Esta data no Evangelho (3 de janeiro)

Francisco Muniz // 




Vem da Segunda Epístola de São Pedro o tema de nossos comentários neste dia 3 de janeiro, abordando o teor do versículo 3 do primeiro capítulo dessa Carta encaminhada “aos que receberam, pela justiça de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo, uma fé de valor igual à nossa (...)”. Leiamos, pois, o texto do versículo, copiado da Bíblia de Jerusalém, colocado sob a epígrafe “A liberalidade de Deus”:

“Pois que o seu divino poder nos deu todas as condições necessárias para a vida e para a piedade, mediante o conhecimento daquele que nos chamou pela sua própria glória e virtude.”

O Apóstolo “pescador de almas” fala da importância que Deus tem para cada um de nós, seus filhos amados, sendo não apenas nosso Criador, mas também o provedor que nos cumula de recursos para bem vivermos e também auxiliarmos nossos irmãos a experimentarem as mesmas alegrias. E tudo isso através da verdade que o Cristo nos deu a conhecer, graças às suas qualidades de Mestre, guia e modelo da Humanidade, virtudes que serão glorificadas eternamente. Do “filho primogênito” de Deus, que Jesus nos apresentou como o Pai amantíssimo que jamais deserda suas criaturas, recebemos o chamado para que, uma vez trilhando o caminho que ele aponta, possamos providenciar nosso retorno à casa paterna, sendo, como ele próprio, “um com o Pai”.

Estamos destinados, portanto, à unificação plena com o Criador, desde que saibamos respeitar e colaborar com o aperfeiçoamento de sua Criação, representada por nós mesmos, principalmente, e por tudo que exista ao nosso redor. Desse modo atuamos, por nossa vez, como cocriadores, reconhecendo, pelo aprendizado com o Mestre nazareno, que a Criação divina, embora perfeitíssima, não está pronta e acabada, necessitando de nossa cooperação capacitada. Assim, reconhecemos que cada lição de Jesus, especialmente aquelas embutidas nas parábolas que ele contou há mais de dois mil anos, é um estímulo para nos fazer amadurecer o senso moral a fim de compreendermos o que somos, de onde viemos e para onde iremos ao final de nosso estágio na Terra.

Essas informações, respostas a antigas dúvidas filosóficas, a Doutrina Espírita nos fornece de sobejo, revelando nossa filiação divina e a responsabilidade de nos esforçarmos para merecer a parte que nos cabe da herança paterna, conforme o Mestre salienta na Parábola do Filho Pródigo. Esse esforço começa pelo conhecimento da verdade que está em nós mesmos e aquela que nos envolve, de acordo com o que o Espírito de Verdade – o próprio Cristo – relata nas páginas de O Evangelho Segundo o Espiritismo (*): “O Espiritismo, como antigamente minha palavra, deve lembrar aos incrédulos que acima deles reina a verdade imutável: o Deus bom, o Deus grande que faz germinar a planta e eleva as ondas”.

Por aí notamos a liberalidade de Deus, que nos dá todos os recursos para bem encetarmos nossa caminhada de volta para ele: a oportunidade da encarnação que nos garante repetir lições para o aprendizado que nos capacitará a melhor fazermos a cada vez, corrigindo os erros do passado e nos reconciliando com a divina Lei através do perdão daqueles a quem atraiçoamos durante o percurso. Sobretudo, Deus nos derrama constantemente suas bênçãos misericordiosas, confortando-nos em nossos momentos de aflição e sustentando nossos projetos de refazimento, sendo por isso o Senhor Todo Compassivo que nos assiste incessante e incondicionalmente e ao qual devemos toda nossa consideração.

(*) Cap. VI, item 5 das Instruções dos Espíritos: “Advento do Espírito de Verdade”.


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