Francisco Muniz //
O capítulo 27 do Evangelho de Mateus começa com a epígrafe “Jesus
é conduzido à presença de Pilatos” e seu primeiro versículo traz o tema de
nossos comentários neste dia 27 de janeiro, dando continuidade ao estudo de algumas
passagens de livros do Novo Testamento. Usamos, para tanto, a Bíblia de
Jerusalém, de onde retiramos o texto correspondente, a seguir, e a inspiração
interpretativa da Doutrina Espírita:
“Chegada a manhã, todos os chefes dos sacerdotes e os
anciãos do povo convocaram um conselho contra Jesus, a fim de levá-lo à morte.”
O ditado popular diz que “à noite, todos os gatos são pardos”,
significando que às escuras não é possível distinguir quem é quem no
cometimento de certos atos, especialmente se as intenções por trás deles exigem
o anonimato. Talvez por isso Jesus tenha pedido, no Sermão da Montanha, que
deixássemos brilhar nossa luz diante dos homens, para que vejam nossas boas
obras. Contudo, os doutores da lei que tramaram a prisão e morte de Jesus
obraram contrariamente: na escuridão da noite prenderam e julgaram
precipitadamente o Mestre e ao amanhecer do dia revelaram a todos as trevas de
seus corações.
Aqueles homens, mancomunados com um vil propósito, teriam
conseguido dormir naquela noite fatídica em que determinaram, em nome do ilusório
poder temporal, expulsar de seu convívio o Emissário de Deus? Se o lograram,
como teriam sido seus sonhos, uma vez tendo a mente perturbada por tão sombrios
pensamentos e a alma envolta em tão conflitivos sentimentos? Logicamente, não
serviam a Deus, não ao Deus cuja justiça inexcedível e cujo amor inesgotável
foram apresentados pelo Messias como manifestações legítimas de um verdadeiro
Pai. Como, conforme argumentou o Cristo, não se pode servir ao mesmo tempo a
Deus e a Mamom...
E nossas noites de sono, têm sido tranquilas? Nossos sonhos
são sempre agradáveis? Estamos verdadeiramente comprometidos com o Cristo e com
a obra que ele realiza na Terra, em nome da divina Justiça, a bem de toda a
Humanidade? Como agimos quando nos emancipamos parcialmente do corpo que
repousa sobre a cama? No livro Libertação (ed. FEB.), que o Espírito
André Luiz ditou à psicografia do médium Francisco Cândido Xavier, conta-se, no
capítulo 7, o curioso episódio de uma mulher encarnada que vai tramar, com
entidades espirituais de condição inferior, contra o próprio marido, cuja
atuação na disseminação das verdades evangélicas nas hostes do Consolador prometido
a desagradava.
Também em Aconteceu na Casa Espírita (*) há uma
passagem semelhante, mostrando uma destacada trabalhadora da causa do Cristo
assediada por inimigos espirituais vinculados a seu marido, o qual, por sua
vez, era também um destacado servidor das forças trevosas atuando num templo
protestante. Tais exemplos nos fazem abrir os olhos para o fato de que não
somos – ou não se é – um trabalhador do Cristo apenas por ostentarmos o rótulo
de cristãos, porque não basta não querermos o mal, é preciso fazer o bem, como
alertam os Espíritos Superiores em O Livro dos Espíritos.
Sabedor de que seus fiéis seguidores passariam por esses e muitos
outros tipos de provação na carne, sendo tentados à queda e à defecção através
de seus afetos mais sinceros, o Cristo nos aconselhou a perseverar no caminho
do bem, orando constantemente e vigiando sem cessar as próprias emoções. Assim
como ainda não é muito fácil ser cristão no mundo, por conta dos ataques que as
Trevas desfecham contra os trabalhadores da Luz e do Bem, que invejam, pelo
mesmo motivo não há facilidade em sermos espíritas, de modo que temos de
redobrar nossos esforços e nos fazermos discípulos devotados, a fim de
merecermos a proteção misericordiosa de Deus, que a ninguém abandona.
(*) Ditado pelo Espírito Nora ao médium Emanuel Cristiano, Ed.
Allan Kardec, 2009.
Comentários
Postar um comentário
Abra sua alma!