Esta data no Evangelho (22 de janeiro)

Francisco Muniz // 




“José assume a paternidade de Jesus” é a epígrafe do versículo 22 do primeiro capítulo do Evangelho de Mateus, cujo texto vamos comentar hoje, dia 22 de janeiro, prosseguindo nosso estudo de temas do Novo Testamento, usando a Bíblia de Nazaré e a boa inspiração da Doutrina Espírita. Eis as palavras do evangelista:

“Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta: (...)”

Hoje, além das reticências entre parênteses, indicando a continuidade do pensamento do autor do texto, temos também os dois pontos representativos dessa sequência, com ênfase em algo que Mateus queria citar. Esse algo é parte da profecia em que Isaías diz assim: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel, o que traduzido significa: “Deus está conosco”.” As palavras do versículo de que ora nos ocupamos foram, assim relata Mateus, pronunciadas pelo “Anjo do Senhor” (possivelmente o mesmo Gabriel, da Anunciação) enquanto José dormia e sonhava.

Junto ao misticismo das questões referentes a tudo que se refere ao sagrado, às coisas espirituais, a Deus, há o ensinamento que delas resulta, impondo-nos a necessidade de buscarmos o devido esclarecimento do que “parece” misterioso. Assim, somos levados a perguntar por que e como alguns homens têm acesso às informações vindas do Mais Alto, das esferas superiores ao pensamento humano e hoje encontramos as respostas mais cabíveis no âmbito da Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec. O Espiritismo, como bem definiu o Codificador, não é obra humana, mas o desenvolvimento de um projeto atemporal voltado para o aperfeiçoamento progressivo da Humanidade.

O que os profetas intuíram no passado e seguem intuindo no presente, através dos médiuns auxiliares de Deus e do Cristo nesse projeto, é a própria vontade de Deus estabelecida em leis sábias e perfeitas – por isso imutáveis – criadas para ordenar o funcionamento do Universo desde o microcosmo até as estruturas macrocósmicas. E entre uma condição e outra está o Homem, o ser para o qual tudo se fez e se faz, sendo ele, contraditoriamente, a única espécie na Obra divina capaz de opor obstáculo à realização do projeto divino, ainda que temporariamente, porque o progresso, sendo lei de Deus, se fará sempre, inexoravelmente, a despeito das ações humanas em contrário.

Com o Evangelho – que o Espiritismo exalta, ratifica, interpreta magistralmente e complementa, sendo, portanto, o Cristianismo redivivo –, aprendemos que Deus é soberanamente justo e bom e, sobretudo, misericordioso. Por tais razões, esse Pai amoroso que Jesus nos apresentou tudo faz para que o Homem desperte de seu sono – no qual, a exemplo de José, somos avisados quanto a nossas atribuições na vida – e passe a trabalhar conscientemente na transformação de si mesmo, colaborando mais responsavelmente no aperfeiçoamento da Obra divina.

Então, forçosamente convimos, se até Jesus – a segunda revelação de Deus aos homens – tudo aconteceu para que se cumprissem as justas determinações divinas, após a terceira revelação, o Espiritismo, continuamos observando, com muito mais ênfase, esse cumprimento, uma vez que demoramos para atingir o objetivo proposto. Será como o Espírito de Verdade fala em O Evangelho Segundo o Espiritismo (*): “Atingistes o tempo do cumprimento das coisas anunciado para a transformação da Humanidade; felizes serão aqueles que tiverem trabalhado na seara do Senhor com desinteresse e sem outro móvel senão a caridade (...)!”

(*) Cap. XX, item 5 (“Os obreiros do Senhor”).

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