Esta data no Evangelho (15 de janeiro)

Francisco Muniz // 




Neste dia 15 de janeiro, nosso programa de estudo de temas do Novo Testamento nos leva ao livro do Apocalipse, onde lemos, no capítulo 15, o primeiro versículo, o qual comentaremos segundo a inspiração da Doutrina Espírita. Eis o texto do evangelista João, seu autor, apresentado na Bíblia de Jerusalém:

“Vi ainda um outro sinal grande e maravilhoso no céu: sete Anjos com sete pragas, as últimas, pois com estas o furor de Deus estará consumado.”

As visões de João registradas nesse livro descrevem um cenário terrível para a Humanidade em algum tempo da História, geralmente informado como os “últimos dias” que, interpretados escatológica e erroneamente como o “fim do mundo”, referem-se apenas à atualidade. Os “últimos dias” são estes dias, nosso tempo presente qualquer que seja a época vivenciada. Assim, já vivemos esses “últimos tempos” há dois mil anos, quando Jesus caminhou entre nós, como também na Idade Média, período de grandes e marcantes dores para o mundo, bem como no século XX, marcado por duas grandes guerras mundiais e uma pandemia, a da gripe espanhola.

O Apocalipse, portanto, não é um período específico na história do planeta, mas a realização contínua dos eventos protagonizados pelo homem na luta pelo domínio de si mesmo em meio à batalha travada entre as forças do bem e do mal. A palavra apocalipse significa revelação e seu sentido deveria nos fazer pensar melhor a respeito dos relatos impressionantes de João Evangelista, fonte de grande aprendizado para quantos se interessem em aprofundar essas questões. No versículo de que ora nos ocupamos, é dito que os “sete Anjos” apresentam as sete últimas pragas, as quais consumarão o “furor” de Deus.

Ora, sabemos, pela instrução que a Doutrina dos Espíritos nos fornece, que Deus não se enfurece nem castiga seus filhos equivocados, mas dá a todos os recursos e a oportunidade de se melhorarem, decidindo-se pelo caminho do bem, da justiça e da verdade, ou seja: através das lições do Cristo, nosso Senhor. Assim considerando, veremos que tudo quanto parece estar fora de nosso controle – e queremos, do alto de nossa presunção humana, controlar até mesmo a Natureza – é parte dos recursos que a Providência nos oferece com a finalidade de apressarmos os passos na direção do progresso espiritual. Os flagelos naturais – e temos tidos seguidos exemplos – estão nesse caso.

E como o progresso espiritual abrange tanto a Humanidade (a totalidade dos Espíritos ligados à dimensão terrena) quanto o próprio planeta, os flagelos que nos parecem castigar correspondem à destinação da Terra, conforme Allan Kardec ressalta em O Evangelho Segundo o Espiritismo (*), ao tratar da causa das misérias humanas e da progressão dos mundos. O planeta está progredindo. De acordo com as informações vindas de mais alto, estamos passando pelas dores do parto de um novo mundo, o mundo de regeneração que deverá surgir dos escombros do velho mundo de provas e expiações, quando o mal já não terá mais a preponderância entre nós.

Assim, são mesmo as “últimas pragas” que observamos, embora não saibamos sua extensão no tempo ou no espaço; mas é preciso sorver até a última gota a taça das aflições, resignadamente, robustecendo a esperança de dias melhores no futuro, tanto na Terra quanto fora dela. É tempo, portanto, de sacrificar nossos interesses à obra do Cristo, cumprindo suas doces recomendações a fim de correspondermos aos ideais renovadores, regenerando-nos também.

(*) Cap. III, itens 6 a 19.



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