Francisco Muniz //
Hoje, dia 12 de janeiro, nosso estudo de temas do Novo
Testamento nos leva à mui rica Epístola de Paulo aos Hebreus, de onde surge o
primeiro versículo do capítulo 12 para nossos comentários. Esse capítulo é
aberto pela epígrafe “O exemplo de Jesus Cristo” e com ela o Apóstolo dos
Gentios nos convida ao exame de nosso comportamento perante o Amigo divino,
agora sob a orientação da Doutrina dos Espíritos. Eis o texto, lido, como de
praxe, na Bíblia de Jerusalém:
“Portanto, também nós, com tal nuvem de testemunhas ao
nosso redor, rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com
perseverança para o certame que nos é proposto (...)”
Creio que, desta vez, nem seria necessário, mas vamos à
correção da “quebra” representada pelas reticências, indicando a complementação
do texto no segundo versículo: “(...) com os olhos fixos naquele que é o autor e
realizador da fé, Jesus, que, em vez da alegria que lhe foi proposta, sofreu a
cruz, desprezando a vergonha, e se assentando à direita do trono de Deus”.
Lamentavelmente, nós demoramos muito para agir de acordo com
a consciência, espaço de nossa condição espiritual onde Deus fez se
registrassem todas as suas leis, dando-nos o conhecimento do bem e do mal. É
lamentável porque, graças ao nosso livre arbítrio, escolhemos aprender pelo
caminho mais difícil, o da experiência, que nos faz desprezar os conselhos amistosos
e seguir pela via que inevitavelmente trará a dor. É em razão dessa escolha que
nos encontramos na Terra, um mundo compatível com nosso estágio evolutivo, a
escola onde estão matriculados aqueles que, teimosos, veem o Céu e mesmo assim
tombam no abismo do erro. (*)
Diz Paulo que, pelo fato de estamos envoltos por uma “nuvem
de testemunhas”, isto é, os Espíritos que, de sua dimensão invisível, nos
inspiram o bem, devemos, uma vez integrantes das falanges cristãs, rejeitar
todo o peso das iniquidades a que estamos sujeitos por nossas tendências e
marchar céleres na direção do objetivo proposto: nosso crescimento espiritual,
aquela Perfeição indicada pelo Cristo Jesus: “Sede perfeitos como vosso Pai
celestial é perfeito”. No entanto, nosso processo de conscientização – tanto coletiva
quanto particularmente – é mesmo muito lento e se faz pelo modelo de tentativas
e erros até lograrmos compreender a possibilidade de acerto em cada ação,
tornando valiosas as escolhas feitas.
Antes, podíamos nos escorar no fato de estarmos ignorantes
para as verdades que Jesus apresentou há mais de dois anos e que o Espiritismo
veio escancarar ao nosso entendimento. Que justificativas temos, agora, para continuar
agindo sob o impulso da “carne fraca”, dando atenção unicamente ao ego
enganador, quando a Realidade do Espírito imortal pulsa dentro e em volta de
nós, revelando tanto nossa condição quanto o futuro que nos aguarda? Se as
leituras e as tarefas que realizamos em nome do Espiritismo, doutrina tão esclarecedora
quanto libertadora de nossa condição inferior, não permitem ainda nossa conscientização
do que somos e do que precisamos fazer para dar um passo adiante no caminho da
evolução espiritual, o que o fará?
(*) Referência à frase do Espírito de Verdade no Cap. VI de O
Evangelho Segundo o Espiritismo: “Estou muito tocado de compaixão pelas
vossas misérias, pela vossa imensa fraqueza, para não estender mão segura aos
infelizes transviados que, vendo o céu, tombam no abismo do erro. Crede, amai,
meditai as coisas que vos são reveladas: não mistureis o joio ao bom grão, as
utopias às verdades”.
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