Esta data no Evangelho (11 de janeiro)

Francisco Muniz // 




“O Pai-nosso” é a epígrafe do primeiro versículo do capítulo 11 do Evangelho de Lucas, que comentaremos hoje, dia 11 de janeiro, continuando nosso estudo acerca de algumas passagens do Novo Testamento sob as luzes diáfanas da Doutrina Espírita. Eis o texto, lido na Bíblia de Jerusalém:

“Estando num certo lugar, orando, ao terminar, um de seus discípulos pediu-lhe: ‘Senhor, ensina-nos a orar, como João ensinou a seus discípulos’.”

Era Jesus quem orava e foi, após, solicitado: seus discípulos queriam aprender a orar e davam ao Mestre um parâmetro: João, o Batista, havia ensinado seus seguidores a como procederem ao intercâmbio com a Divindade. Lucas, no entanto, não mostra como era a oração ensinada por João, mas revela a natureza dos ensinos desse profeta às pessoas que o procuravam, pregações naturalmente similares às que Jesus faria de Norte a Sul da Palestina, posto que João era seu arauto: “E as multidões o interrogavam: ‘Que devemos fazer?’ Respondia-lhes: ‘Quem tiver duas túnicas, reparta-as com aquele que não tem, e quem tiver o que comer, faça o mesmo’.” (Lucas 3:10 e 11) Segundo o Espírito Emmanuel, a melhor oração é o trabalho profícuo no bem: “Orar é arar”.

O “certo lugar” onde Jesus costumava orar é o Horto das Oliveiras, nas cercanias de Jerusalém, e ali seus discípulos – os doze apóstolos mais alguns seguidores, as mulheres inclusive – o viam circunspecto, quase em transe, em completa comunhão com o Pai de amor e bondade. Desejavam, portanto, experimentar as mesmas alegrias a que seu Mestre os convidava desde o início. Jesus, então, dá-lhes a conhecer a oração denominada “Pai Nosso”, a mais perfeita síntese de como deve ser nossa relação com Deus através da prece, a única que o Messias ofereceu-nos nesse sentido e que mereceu o respaldo de Allan Kardec (*): “(...) é o mais perfeito modelo de concisão, verdadeira obra-prima de sublimidade na sua simplicidade”.

Como toda prece – e não como toda fórmula, o que é muito diferente – o Pai Nosso, por ser sintético, deve ser proclamado do fundo do coração e não apenas recitado, para que alcance a eficácia objetivada, conforme observa o Codificador: “Com efeito, sob a mais restrita forma, resume todos os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com o próximo, encerra uma profissão de fé, um ato de adoração e de submissão, o pedido das coisas necessárias à vida, e o princípio da caridade. Dizê-la em intenção de alguém, é pedir para ele o que se pediria para si”.

Por isso Kardec inicia com essa única fórmula ensinada pelo Cristo, também conhecida como a Oração Dominical, a coletânea de preces colocada no último capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo, por indicação dos Espíritos Superiores: “Não somente como prece, mas como símbolo; de todas as preces é a que colocam em primeiro plano, seja porque ela veio do próprio Jesus, seja porque pode substituir a todas, segundo o pensamento que se lhes fixa (...)”. Então, respondendo a seus discípulos, Jesus ensinou: “Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino; o pão nosso cotidiano dá-nos a cada dia; perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação” (Lucas 11:2-4).

(*) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XXVIII, Preces gerais: “Oração dominical”.

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