Esta data no Evangelho (10 de janeiro)

Francisco Muniz // 




Paulo, o Apóstolo dos Gentios, escreveu duas cartas, ou epístolas, à comunidade cristã da cidade de Tessalônica (1) e é do primeiro capítulo da segunda dessas missivas que retiramos o versículo 10 para os comentários que faremos hoje, dia 10 de janeiro, prosseguindo nosso estudo de temas do Novo Testamento, sob a inspiração do Espiritismo. Eis o texto, lido na Bíblia de Jerusalém:

“(...) quando ele vier, naquele Dia, para ser glorificado na pessoa de seus santos, e para ser admirado na pessoa de todos aqueles que creram – e vós acreditastes em nosso testemunho!”

Paulo se refere ao Dia (de tão específico é escrito com maiúscula!) da segunda vinda do Cristo, mas como se trata de mais um texto “quebrado”, vejamos o que se esconde nas reticências buscando o entendimento dessas palavras desde o versículo 6: “Justo é que Deus pague com tribulação aos que vos oprimem, e que a vós, os oprimidos, vos dê o repouso juntamente conosco, para quando se revelar o Senhor Jesus, vindo do céu, com os anjos do seu poder, no meio de uma chama ardente, para vingar-se daqueles que não conhecem a Deus, e que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. O castigo deles será a ruína eterna, longe da face do Senhor e do esplendor de sua majestade (...)”

E ainda que os organizadores da Bíblia de Jerusalém informem, em nota de rodapé, que essa linguagem severa do apóstolo “são traços do gênero literário apocalíptico judaico”, podemos ver, no texto destacado, o anúncio da vinda do Paráclito, do mesmo modo como Jesus o havia feito anteriormente. O Paráclito é o mesmo Consolador prometido, “o Espírito de Verdade que o mundo não pode receber porque não o conhece, mas quando vier estará convosco para sempre” (João 14:17). Trata-se, hoje o reconhecemos, do Espiritismo, ou Doutrina dos Espíritos, cuja revelação à Humanidade deu-se no dia 17 de abril de 1857, quando aconteceu, em Paris, a capital intelectual do mundo, o lançamento de O Livro dos Espíritos, sob a assinatura de outro grande apóstolo do Cristo: Allan Kardec.

O Espiritismo, de fato, glorifica “a pessoa de seus santos”, isto é, atesta a grandeza dos emissários de Jesus que se prontificaram a colaborar com a grande obra de escancarar os véus que separavam as duas dimensões da Vida, revelando que a morte é uma ilusão e que os que passaram para o outro lado estão muito mais vivos do que os pobres habitantes da Terra. É nisso, portanto que a Doutrina Espírita é admirada, por trazer-nos um conhecimento que só fortalece a esperança naqueles que, tendo se separado de seus entes amados, veem no futuro a possibilidade, ou mesmo a certeza do reencontro, passando a crer mais seguramente na ressurreição de Jesus e nos ensinamentos dos mensageiros que atestam essa verdade com o próprio testemunho.

Se a Terceira Revelação teve que surgir no berço do intelectualismo, isto é, das lides meramente cerebrais, entronizando a teoria, tal como a França ainda hoje se exprime, não demorou muito para manifestar que o solo onde se desenvolveria mais facilmente seria o coração das pessoas e logo se transferiria para o Brasil. Em terras brasileiras, grandes auxiliares do Cristo reencarnaram, no século XIX, para recepcionarem e prepararem o terreno para a disseminação dos novos ensinos, tendo o paulista Caírbar Schutel, o mineiro Eurípedes Barsanulfo, o cearense Bezerra de Menezes e o baiano Luís Olímpio Telles de Menezes, dentre vários outros, atuado como verdadeiros bandeirantes, abrindo caminho para o mediunato de Chico Xavier e Divaldo Franco. Agora é a nossa vez de, acreditando nesses abnegados instrutores, arregaçar as mangas e tomar do arado e da charrua evangélicos e continuarmos semeando as palavras de vida eterna!   

(*) Tessalônica é uma cidade portuária grega no golfo Termaico do mar Egeu. Seu nome homenageia uma princesa homônima, filha do rei Filipe da Macedônia.


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