Esta data no Evangelho (9 de dezembro)

Francisco Muniz // 




Hoje, dia 9 de dezembro, abrimos a Bíblia de Jerusalém no capítulo 9 da Epístola de Paulo aos Romanos e o versículo 12, colocado sob a epígrafe “Deus não é infiel”, também nos chega “quebrado”, isto é, com parte dele ocupada ou começando no anterior, ou ainda, avançando pelo seguinte, como é este o caso. Vamos a ele, que comentaremos com base no aprendizado da Doutrina Espírita, dando prosseguimento ao nosso estudo de algumas passagens do Novo Testamento:

“(...) Dependendo não das obras, mas daquele que chama – foi-lhe dito: O maior servirá ao menor (...)”

Aqui, o Apóstolo dos Gentios explica à comunidade cristã de Roma “a situação de Israel” – título da terceira parte dessa Carta – afirmando que a promessa de Deus a seus filhos judeus é sempre cumprida, ainda que de maneira diferente do que estes esperavam, porquanto “nem todos os que descendem de Israel são Israel, como nem todos os descendentes de Abraão são seus filhos (...)”. Com essas palavras, Paulo estende também aos gentios a progenitura do grande Patriarca e os faz igualmente herdeiros da mensagem libertadora de Jesus. Assim, o final do versículo que destacamos se completa no 13º: “(...) Conforme está escrito: Amei a Jacó e aborreci a Esaú.”

Paulo, mesmo em sua encarnação como Lutero (*), sempre insistiu na preponderância da fé sobre as obras do amor, ou caridade, do serviço abnegado em favor dos infortunados, embora nessa passagem ele argumente, citando as Escrituras, que o maior deve servir ao menor, tal como o Cristo fez saber a seus discípulos, exemplificando o ensino no episódio em que lavou os pés dos apóstolos. Com efeito, este é o dever daqueles a quem a Justiça divina confiou postos de responsabilidade na administração dos recursos da Providência, com a finalidade de promover o progresso tanto material quanto espiritual ou moral das criaturas.

O maior será sempre o mais capacitado, o líder, o possuidor de conhecimentos cuja aplicação favoreça o desenvolvimento das inteligências inscientes, estimulando os homens para o concerto harmônico a que o Espírito de Verdade alude no Prefácio de O Evangelho Segundo o Espiritismo. É também aquele dotado de recursos materiais com os quais colaborará na expansão das obras de caridade, fomentando o progresso da comunidade onde milite, em estreita cooperação com os Emissários do Cristo, mesmo que disso não tenha consciência. Assim é que se cumprirão as palavras do Mestre nazareno: “Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor (...)” (Mateus 20:17-28).

Tornamo-nos grandes não perante os homens, na Terra, ainda que, por nossos feitos, possamos receber honrarias, mas o verdadeiro reconhecimento vem da esfera espiritual, onde somos distinguidos não pela fé ou pelos conhecimentos adquiridos. A meritocracia vigente no Reino da Verdade corresponde às palavras do Cristo, para quem “meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem” (João 13:1-35), e se baseia no exercício constante da humildade, da qual Jesus deu inúmeros exemplos. Nossa, pois, é a tarefa de imitá-los, o mais honestamente possível, atendendo à suave convocação do Mestre: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (Mateus 11:29).

(*) Ver o segundo volume (Lutero, o Reformador) da obra As Marcas do Cristo (ed. FEB), na qual o escritor espírita Hermínio Miranda traça o perfil desse Espírito em duas encarnações.

Comentários