Francisco Muniz //
Que sabemos nós do Cristo Jesus? Figura histórica das mais
comentadas no mundo inteiro, cujos feitos não caberiam em todos os livros que
se escrevessem sobre ele, conforme salientou o evangelista João, é também o
mais desconhecido. É sobre ele, sobre sua importância para a Humanidade,
coletivamente, e para cada homem em particular, que tentaremos comentar, neste
dia 5 de dezembro, analisando, o quanto possível, o versículo 12 do quinto
capítulo do Apocalipse, o livro das Revelações recebidas pelo mesmíssimo João. Eis o texto, mais uma vez “quebrado”:
“(...) proclamando, em alta voz: ‘Digno é o Cordeiro
imolado de receber o poder, a riqueza, e a sabedoria, a força, a honra, a
glória e o louvor’.”
O Apocalipse talvez seja, dentre os 27 livros do Novo
Testamento, o menos conhecido, por ser, certamente, o de mais difícil
compreensão, devido à sua característica inteiramente mística, não só porque é
João seu autor, mas porque decorre de revelações feitas mediunicamente. João,
em transe, o recebera através de visões do panorama espiritual mais elevado, da
esfera onde o Cristo habita, que só poderiam ser narradas a partir de símbolos que
perdurassem ao longo dos evos (1), a fim de que um dia, alcançando os homens a necessária
maturidade psicológica, pudessem eles ser devidamente assimilados.
Vamos, primeiramente, ver o que se “esconde” nas reticências
entre os parênteses do texto da Bíblia de Jerusalém acima citado. João,
o apóstolo que Jesus amava, diz ter ouvido, em sua visão, “o clamor de uma
multidão de anjos que circundavam o trono (ocupado pelo Cristo, o Rei Solar),
os Seres vivos e os Anciãos – seu número era de milhões de milhões e milhares
de milhares (...)” E chegamos, pois ao trecho destacado, anunciando o que o coro
dos anjos proclamava: Jesus, o Cordeiro de Deus, é digno de todas as
reverências e honrarias, tanto que as hostes celestiais e a totalidade dos
seres vivos – as outras ovelhas de seu rebanho – assim como as Entidades de
elevada posição espiritual – aquelas que na Terra são reverenciadas como os
mestres ascensos – lhe cercam o trono, símbolo de sua máxima condição na
Hierarquia angélica.
Não por acaso, uma vez compreendendo semelhante status,
Carlos Torres Pastorino (2) aprofunda a informação paulina quanto ao fato de ser Jesus,
o Cristo de Deus, o sumo sacerdote da Ordem de Melquisedec, sobre a qual a
Teologia nada fala, embora ateste o Poder do Messias sobre todo e qualquer
movimento religioso na Terra, que ele governa, e além deste planeta, porquanto
seu rebanho inclui ovelhas que não são daqui, conforme ele explicou (3),
referindo-se não apenas aos não-judeus. O Livro das Revelações – significado da
palavra grega “apocalipse” – é, portanto, um impressionante atestado da
grandeza de Jesus em sua própria esfera de atuação espiritual, abrangendo, por
certo, toda a Via Láctea, a parte do Universo que Deus o encarregara de cuidar.
Nisso tudo devemos reconhecer a presença imanente do Cristo,
tanto quanto a de Deus, o Criador, em tudo que é de sua alçada espiritual,
razão pela qual ele afirmara, na personalidade de Jesus, ser um com o Pai (João
10:30) e que estará sempre conosco, condição expressa na frase “Eu estou no
meio de vós” (Lucas 22:27), significando ser ele, o Cristo, a instância mais
elevada de nossa essência espiritual. A tarefa de conhecermos a verdade, como
Jesus nos propõe, portanto, é o autoconhecimento que promoverá o auto encontro com
o Cristo e nossa perfeita e definitiva união com a dimensão divina. É, no
entanto, um trabalho para toda a Eternidade...
Notas
(1) Plural de evo: duração sem fim, eternidade,
perpetuidade.
(2) Ver a obra Sabedoria do Evangelho, em oito volumes: Ed. Sabedoria, Rio de Janeiro, 1967.
(3) “Tenho ainda outras ovelhas que não são
deste aprisco; a essas também me importa conduzir, e elas ouvirão a minha voz;
e haverá um rebanho e um pastor.” (João 10:16)
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