Esta data no Evangelho (30 de dezembro)

Francisco Muniz // 




Quando, nesta época do mês, os versículos de numeração mais alta começam a rarear nos livros do Novo Testamento, uma solução é recorrermos aos Salmos, que na Bíblia de Jerusalém comparecem junto dos relatos evangélicos. Desse modo, hoje, dia 30 de dezembro, comentaremos o versículo 12 do Salmo 30. Eis o texto:

“Transformaste o meu luto em dança, tiraste o pano grosseiro e me cingiste de alegria.”

Nesses versos o salmista – o grande rei Davi dos israelitas – faz sua “ação de graças após um perigo mortal” (esta a epígrafe), num “cântico para a dedicação da casa”, exaltando a Deus (Iahweh) por livrá-lo de situações embaraçosas ou desagradáveis: o escárnio dos inimigos, a doença, a ameaça da morte. Por essas coisas e muito mais deve Deus ser louvado, por atender às súplicas de seus filhos e lhes devotar compaixão, renovando as alegrias e intensificando proteção. Davi, portanto, estava muito satisfeito pela decisiva assistência de Iahweh em seu favor: “Por isso meu coração canta a ti, e jamais se calará. Iahweh, meu Deus, vou louvar-te para sempre.”

De acordo com Carlos Torres Pastorino, esse Iahweh que os hebreus identificam com o Deus Criador não é outro senão o Cristo, que para aquele povo aparecia, desde Abraão, como seu Espírito protetor, do mesmo modo como Ismael é o Anjo protetor do Brasil. Iahweh, então, é a mesma entidade que confabulava com Moisés no deserto e o fez liderar os hebreus na fuga espetacular do Egito; e é o mesmo que inspirou os antigos profetas responsáveis pela formação da tradição religiosa dos antepassados dos judeus; o mesmo que, durante 40 dias e noites auxiliou o grande Legislador a compor, mediunicamente, as Tábuas da Lei contendo o Decálogo, os dez mandamento que Jesus, séculos depois, resumiria em apenas dois: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

O Cristo, portanto, como governador do Planeta, sempre esteve presente na vida espiritual das ovelhas que o Criador lhe confiou e estará conosco “até o fim dos tempos”, uma vez que somos todos nós o “povo escolhido”. Essa certeza é confirmada pela Doutrina Espírita, a terceira revelação de Deus aos homens, como resposta à promessa de Jesus quanto à vinda do Paráclito, isto é, do Espírito de Verdade “que o mundo não pode receber porque não o vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque Ele vive convosco e estará dentro de vós” (João 14:17). Assim é que no capítulo VI de O Evangelho Segundo o Espiritismo, “O Cristo consolador”, Jesus se revela por inteiro identificando-se como o Espírito de Verdade que preside ao movimento de transformação moral da Humanidade.

Em mensagem transmitida no ano de 1860, em Paris, o Espírito de Verdade é enfático: “Venho, como antigamente entre os filhos transviados de Israel, trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como antigamente minha palavra, deve lembrar aos incrédulos que acima deles reina a verdade imutável: o Deus bom, o Deus grande que faz germinar a planta e eleva as ondas. Revelei a Doutrina divina e, como um ceifeiro, reuni em feixes o bem esparso na Humanidade e disse: Vinde a mim, todos vós que sofreis!” São palavras do Cristo, de Jesus, modificando radicalmente todo o entendimento antigo, do Velho Testamento, que nos apresentou um Deus cruel, tirano, parcial e vingativo, apropriado ao caráter de um povo extremamente rude.

Com os novos ensinamentos, a Humanidade dá os primeiros passos para concretizar a política da fraternidade que será a base segura da civilização moral que já se divisa no horizonte espiritual da Terra, nestes dias da transição de mundo de provas e expiação para mundo de regeneração.

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