Esta data no Evangelho (25 de dezembro)

Francisco Muniz //




Neste dia 25 de dezembro, quando o mundo cristão comemora o nascimento de Jesus, nosso estudo de passagens do Novo Testamento chega ao versículo 12 do capítulo 24 do Evangelho de Mateus, que enfoca a “Parábola das dez virgens”, sendo esta a epígrafe. Eis o texto, lido na Bíblia de Jerusalém, sobre o qual faremos nossas considerações com base na Doutrina Espírita:

“Mas ele respondeu: ‘Em verdade vos digo: não vos conheço!’”   

Assim como a “Parábola do festim de bodas”, a “das dez virgens” fala-nos do casamento do Cristo, o Divino Emissário, com a Humanidade inteira. No entanto, do mesmo modo como, na primeira, os primeiros convidados não quiseram participar do banquete nupcial, nesta a parte daqueles que se recusam é representada pelas “virgens loucas”, ou “estouvadas”, que perdem precioso tempo na contemplação de bagatelas. Quando o noivo chega, somente aquelas que, responsavelmente, providenciaram o azeite de suas lâmpadas puderam adentrar a alcova, ficando as outras de fora, implorando por um pouco de óleo. Estavam as “loucas”, portanto, sem sua luminosidade, sem qualidades morais ou espirituais, de forma que o Cristo não as pôde reconhecer...

A lição é rica de significados e nos remete a outros ensinamentos de Jesus, quais os que nos comparam a ovelhas e bodes e aquele em que o Mestre afirma não estar com ele quem “espalha”, mas quem “ajunta”, por exemplo. Assim, fica a reflexão acerca da necessidade de termos conosco o combustível propiciador da luminosidade imprescindível ao reconhecimento junto ao Cristo, se, de fato, queremos participar do divino banquete e nos unirmos a ele indissoluvelmente. Para tanto, é mister reconhecermos nossa carência de luz, nossa extrema ignorância a respeito de nós mesmos, e atendermos a recomendação no sentido de conhecermos a verdade que nos liberta de nossa inferioridade, e assim termos condições de deixar brilhar nossa luz.

É desse modo que vemos a importância de nos dedicarmos ao estudo aprofundado da Doutrina Espírita que, uma vez revivendo a pureza original do Evangelho, retira a pouco e pouco o véu de mistério colocado propositalmente por Jesus em cada uma de suas lições, aguardando nosso amadurecimento psicológico – o senso moral de que nos fala Allan Kardec em seu ensaio sobre “Os bons espíritas” (*). A cada leitura das obras da Codificação e das que lhes são subsidiárias, nosso entendimento, graças ao aprimoramento intelectual que nos enriquece culturalmente, mostra-se diferente e então é que nos chegam as revelações que nos permitem compreender mais e mais da verdade que está em nós e em volta de nós.

Mas não se trata apenas de compreender intelectualmente tais ensinamentos, é preciso vivê-los com a intensidade possível, praticando as lições de acordo com o sentimento despertado no âmago de nossa alma. É assim que nossa luz brilhará diante dos homens, que precisam, como ensina Jesus, ver o resultado de nossas boas obras a fim de se espelharem em nosso exemplo para também se modificarem. Ou seja, não precisamos alardear nossos feitos, o que seria pôr a perder o sentimento de caridade, apenas permitirmos que apreciem o que significa fazermos o bem, porque tal atitude cria uma aura energética que nos envolve num clima de paz e alegria indizíveis. É, pois, a concretização destas palavras de Jesus: “Eu sou a luz do mundo. Aquele que crê em mim não andará em trevas” (João 12:46).

(*) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, item 4.

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