Francisco Muniz //
“Que vos parece? Se um homem possui cem ovelhas e uma
delas se extravia, não deixa ele as noventa e nove nos montes e vai à procura
da extraviada?”
Essa pergunta de Jesus corresponde ao versículo 12 do
capítulo 18 do Evangelho de Mateus, sob a epígrafe “A ovelha desgarrada”, e é o
assunto de nossos comentários neste dia 18 de dezembro. Há dois dias tratávamos
desse tema numa atividade dirigida às mães atendidas por uma Casa Espírita
localizada numa comunidade bastante carente de Salvador; na ocasião, falávamos
sobre “Jesus, o bom pastor”. Parece-nos ser necessário aprofundar essa temática,
especialmente nesta época em que recordamos a noite do Advento, quando os pastores
foram dos primeiros a visitar o “menino-deus”.
As palavras de nosso Mestre aqui destacadas fazem-nos lembrar
de uma historinha metafórica em que se diz haver, num mosteiro, uma escola com
cem alunos matriculados. Essa escola era dirigida por um monge muito sábio. Dentre
os alunos, porém, havia um que tinha um péssimo hábito: ele costumava surrupiar
coisas de seus colegas que, insatisfeitos, todos os dias levavam suas queixas
ao diretor e este, estranhamente, jamais tomava qualquer atitude contra o aluno
ladrão. Um dia, cansados de terem seus pertences levados, todos os 99
estudantes foram ao diretor exigir a expulsão do colega larápio. Nesse dia, o
diretor ficou feliz e disse:
- Meus alunos! Vocês aprenderam a lição da honestidade e
estão livres para deixar a escola. Mas seu colega ainda não aprendeu isso e
deve ficar!
Muitos se perguntam por que, na Terra, há muita violência,
criminalidade e banditismo, expressões das mentes ainda corrompidas pelo
materialismo. Aparentemente, as pessoas “boas” partem, deixando aqui os
exemplos mais gritantes da inferioridade humana. O Espiritismo nos esclarece
que o planeta que nos abriga momentaneamente é, ao mesmo tempo, uma prisão, um
hospital e uma escola, onde estamos para obter o alvará de soltura por bom
comportamento; ou a cura de nossos males sorvendo o remédio amargo; ou, ainda, para
aprender o regime disciplinador, educando-nos para a vida. É assim que o Bom
Pastor reúne as ovelhas que o Pai lhe confiou, salientando que seu rebanho possui
outras ovelhas que precisam ser apascentadas.
É o que se depreende ao analisarmos o episódio referente a Simão
Pedro, que Jesus convocou para ser “pescador de almas”. O mais turrão dos
apóstolos, Pedro, por duas vezes, ao menos, contrariou as recomendações do
Messias: primeiro, quando, impulsivamente, declarara que jamais abandonaria o
Cristo, o que fez ao negar, três vezes seguidas, conhecê-lo; depois, quando, na
noite da prisão de Jesus, o pescador decepara com um golpe de espada a orelha
do soldado Malco, merecendo vigorosa admoestação do Rabi nazareno (*).
Ressurreto, o Cristo aparece depois a seus discípulos,
dirigindo-lhes as últimas recomendações acerca da disseminação da Boa Nova do Reino
de Deus e a Pedro, especialmente, dirige-se perguntando-lhe por três vezes se o
velho pescador o amava, recebendo tripla afirmativa: "Senhor, tu sabes que te
amo!” Em resposta, o Cristo lhe pede, enfaticamente: “Então, apascenta minhas
ovelhas!” (João 21:15-22)
Hoje novos Pedros, também temos a atribuição de apascentar
ovelhas, vendo-as em nossos filhos e naqueles sob nossa responsabilidade,
direta ou indiretamente, porque, como cristãos esclarecidos e evangelizados, devemos
entender que assumimos esse compromisso com o Cristo. O Senhor espera,
portanto, que sejamos capazes de despertar com alguma urgência para a
realização de nossa parte nas tarefas de regeneração da Humanidade, orientando
os companheiros do caminho, na trilha para a “salvação”, através de nosso
próprio exemplo, ou com as palavras, quando necessário.
(*) “Embainha a tua espada; pois todos os
que lançam mão da espada pela espada morrerão!”
(Mateus 26:52)
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